Modelo experimental de doenças difusas do tecido conjuntivo (DDTC) induzido por colágeno do tipo V
Experimental model of diffuse connective tissue disease (DCTD) induced by type V collagen

Rev. bras. reumatol; 42 (5), 2002
Publication year: 2002

Objetivos:

As doenças difusas do tecido conjuntivo (DDTC) são enfermidades de etiologia e patogênese desconhecidas, responsáveis pelo desenvolvimento de manifestações clínicas multissistêmicas, e do ponto de vista laboratorial caracterizadas pela presença de auto-anticorpos dirigidos contra diferentes componentes celulares. Modelos experimentais que reproduzem manifestações clínicas, histológicas e laboratoriais similares às observadas em humanos são extremamente importantes no estudo da patogênese e abordagem terapêutica destas enfermidades.

Métodos:

Descrevemos um modelo inédito de autoimunidade desenvolvido em coelhos pela imunização com colágeno tipo V, fibrila com características peculiares em sua síntese, que confere grande antigenicidade à sua molécula e participa de processos de reparação, diferenciação e proliferação celular. Analisamos as alterações morfológicas promovidas em diferentes órgãos de coelhos sensibilizados com o colágeno tipo V e sacrificados após 75 e 120 dias do início da imunização.

Resultados:

Verificou-se presença de vasculite em pulmões, especialmente nos lobos basais, caracterizados pelo espessamento da íntima vascular, infiltrado celular por eosinófilos e linfócitos, além de depósito de colágeno na região subendotelial, perivascular, peribrônquica e interstício pulmonar. No coração observou-se depósito de colágeno entre as fibras cardíacas e vasculite. No esôfago notou-se diminuição do lúmen, depósito de colágeno em nível submucoso e perivascular. Alterações nos glomérulos renais, como discreta proliferação mesangial e espessamento da membrana basal, e moderado depósito de colágeno intersticial, foram aspectos morfológicos observados nos rins. Na sinóvia houve proliferação de células epiteliais e depósito de colágeno subepitelial. Estudo histológico da cartilagem articular revelou aumento da celularidade e remodelamento da matriz extracelular.

Conclusões:

Neste trabalho descrevemos um novo modelo experimental no qual um fator exógeno promoveu lesão patológica em múltiplos órgãos de um animal sadio. As alterações morfológicas observadas nos levam a propor que este seja um modelo experimental que reproduz achados clínicos e laboratoriais semelhantes aos da esclerodermia.

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