Anticoagulação durante a gestação
Anticoagulation during pregnancy
Rev. bras. reumatol; 42 (5), 2002
Publication year: 2002
Embora bem estabelecida para o tratamento de condições envolvendo o sistema cardiovascular, a anticoagulação ainda é controversa durante a gravidez. O reconhecimento da síndrome do anticorpo antifosfolipídeo (SAF) trouxe novos questionamentos uma vez que o tratamento deve prevenir tromboses e perdas fetais. Os cumarínicos oferecem vantagens como administração oral, boa biodisponibilidade e fácil monitorização. Essas drogas, no entanto, atravessam a placenta e acarretam risco de embriopatia caracterizada por displasias ósseas. A incidência é 6, ocorrendo apenas em fetos expostos durante o primeiro trimestre gestacional. O risco de hemorragias fetais e placentárias também demanda cautela no uso de cumarínicos. A heparina não atravessa a placenta e oferece maior segurança fetal. A biodisponibilidade variável e difícil monitorização aumentam o risco de trombose materna. A via subcutânea dificulta a adesão ao tratamento. Heparinas de baixo peso molecular representam nova opção, com vantagem posológica e menor incidência de trombocitopenia e osteopenia. Baseado na segurança fetal, a heparina ao longo da gestação é o tratamento preconizado para a maioria das condições requerendo anticoagulação prolongada. Em portadoras de valvas cardíacas metálicas, preconiza-se uso de cumarínico, apesar de seu potencial risco teratogênico, durante o segundo trimestre gestacional. Nessas pacientes, heparinização foi associado à alta mortalidade por tromboembolismo. A experiência adquirida no tratamento das gestantes com próteses metálicas, possibilitou aprendizado de alternativa para o tratamento obstétrico da SAF. Estudos clínicos são necessários para avaliar essa questão. Esse artigo se propõe a realizar uma revisão sobre anticoagulação na gestação em diversas condições clínicas.