O artigo relata pesquisa acerca das relaçöes entre desenvolvimento cognitivo, trabalho e escolarizaçäo de alunos de periferia. Foram tomados como sujeitos 30 trabalhadores e 30 näo-trabalhadores entre 10 e 15 anos de idade, sendo-lhes aplicadas provas piagetianas de classificaçäo e conservaçäo de quantidades físicas, a fim de detectar o nível operatório, e uma entrevista informal, destinada a obter dados sobre as condiçöes e características da situaçäo e do processo de trabalho e sobre aspecto da escolarizaçäo. Os resultados indicam atraso cognitivo e escolar das duas amostras, estando os trabalhadores mais atrasados na escolaridade, mas sem diferença cognitivamente relevante com relaçäo aos näo-trabalhadores. A variável cognitiva mostrou-se correlacionada com grau escolar em ambos os grupos, mas sua relaçäo com reprovaçäo escolar só se encontra entre os trabalohadores. A situaçäo ocupacional e de trabalho dos sujeitos revela-se precária, predominando atividades simples, desconectadas, dependentes de dados de observaçäo presentes e sem necessidade de compreensäo para serem realizadas. A discussäo volta-se para os aspectos negativos encontrados, que impedem o desenvolvimento ótimo nas estruturas cognitivas e que säo comuns às situaçöes de escola e de trabalho. Salienta-se, ao final, que aqueles aspectos já apontam certas orientaçöes e intervençöes passíveis de superar as falhas e dificuldades e de promover o desenvolvimento saudável de crianças e adolescentes brasileiros, tanto no plano escolar, como a nível da prática produtiva