Rev. bras. ter. intensiva; 27 (4), 2015
Publication year: 2015
RESUMO Objetivos:
Testar se amostras de sangue venoso coletadas do acesso femoral podem ser utilizadas para estimar a saturação venosa central de oxigênio e os níveis de lactato arterial em pacientes graves. Métodos:
Foram utilizadas a análise de Bland-Altman e correlações de Spearman para comparar a saturação venosa femoral de oxigênio e a saturação venosa central de oxigênio, assim como os níveis de lactato arterial e femoral. Foi conduzida uma análise predeterminada de subgrupos nos pacientes com sinais de hipoperfusão. Além disso, foi também investigada a concordância clínica. Resultados:
Foram obtidas amostras sanguíneas de 26 pacientes. Em 107 amostras pareadas, observou-se correlação moderada (r = 0,686; p < 0,0001) entre a saturação venosa central de oxigênio e a saturação venosa femoral de oxigênio, com um viés de 8,24 ± 10,44 (limites de concordância de 95%: -12,23 a 28,70). Em 102 amostras pareadas, houve forte correlação entre os níveis arteriais de lactato e os níveis de lactato femoral (r = 0,72, p < 0,001) com um viés de -2,71 ± 9,86 (limites de concordância de 95%: -22,3 a 16,61). A presença de hipoperfusão não modificou de forma significante os resultados. A concordância clínica para saturação venosa foi inadequada, com diferentes decisões terapêuticas em 22,4% das situações; para o lactato, isto ocorreu em apenas 5,2% das situações. Conclusão:
A saturação venosa de oxigênio femoral não deve ser utilizada em substituição da saturação venosa central de oxigênio. No entanto, os níveis femorais de lactato podem ser utilizados na prática clínica, mas com cautela.
ABSTRACT Objectives:
The purpose of this study was to test if venous blood drawn from femoral access can be used to estimate the central venous oxygen saturation and arterial lactate levels in critically ill patients. Methods:
Bland-Altman analysis and Spearman correlations were used to compare the femoral venous oxygen saturation and central venous oxygen saturation as well as arterial lactate levels and femoral lactate. A pre-specified subgroup analysis was conducted in patients with signs of hypoperfusion. In addition, the clinical agreement was also investigated. Results:
Blood samples were obtained in 26 patients. In 107 paired samples, there was a moderate correlation (r = 0.686, p < 0.0001) between the central venous oxygen saturation and femoral venous oxygen saturation with a bias of 8.24 ± 10.44 (95% limits of agreement: -12.23 to 28.70). In 102 paired samples, there was a strong correlation between the arterial lactate levels and femoral lactate levels (r = 0.972, p < 0.001) with a bias of -2.71 ± 9.86 (95% limits of agreement: -22.03 to 16.61). The presence of hypoperfusion did not significantly change these results. The clinical agreement for venous saturation was inadequate, with different therapeutic decisions in 22.4% of the situation; for lactate, this was the case only in 5.2% of the situations. Conclusion:
Femoral venous oxygen saturation should not be used as a surrogate of central venous oxygen saturation. However, femoral lactate levels can be used in clinical practice, albeit with caution.