Tabagismo domiciliar em famílias com crianças menores de 5 anos no Brasil
Smoking in households in Brazil with children younger than 5 years of age
Rev. panam. salud pública; 17 (3), 2005
Publication year: 2005
Objetivo. Estimar a prevalência e identificar os principais determinantes da exposição ao
tabagismo domiciliar em famílias com crianças menores de 5 anos. Métodos. Estudo transversal, de base populacional, com 2 037 crianças e seus respectivos responsáveis na Cidade de Cuiabá, Estado de Mato Grosso, Brasil. Os pais ou responsáveis responderam um questionário contendo perguntas relacionadas ao hábito de fumar dos moradores, às características sociodemográficas da família e às suas condições de moradia. Resultados. A prevalência de tabagismo domiciliar foi de 37,7%. Para os domicílios com renda per capita mensal de 2 ou mais salários mínimos, a prevalência de tabagismo foi de 24%,1, contra 31,3% nos domicílios com renda per capita mensal entre 1 e 1,9 salário mínimo e 46,0% nos domicílios com renda inferior a 1 salário mínimo. Quanto mais baixo o nível
socioeconômico das famílias, maior a prevalência de tabagismo domiciliar (26,9%, 26,4%,
34,9%, 45,1% e 47,2% para as classes A, B, C, D e E, respectivamente). Maior prevalência
também foi observada quando o pai não morava no domicílio (47,5 versus 35,5%), quando o
chefe da família era uma pessoa diferente do pai ou da mãe (53,8 versus 33,9 e 38,8%) e
quando o pai e a mãe tinham menos de 20 anos (46,1 versus 22,5% aos 40 anos para as mães e 52,5 versus 31,2% aos 40 anos para os pais). Em relação à ocupação, a menor prevalência de tabagismo no domicílio foi observada em profissionais de saúde e professores, tanto para mulheres (18,3%) quanto para homens (14,7%). Permaneceram associadas com o tabagismo no domicílio, após a regressão logística multivariada, a presença do pai no domicílio, a escolaridade e a ocupação do pai e da mãe, a idade da criança e a renda per capita mensal da família. Conclusão. O risco de exposição ao tabagismo domiciliar e, portanto, ao tabagismo passivo nesta amostra de crianças menores de 5 anos foi maior em famílias de menor nível socioeconômico
Objectives. To estimate the prevalence of exposure to smoking in households with
children younger than 5 years of age in the city of Cuiabá, Mato Grosso, Brazil, and
to identify the main determinants of that exposure. Methods. This cross-sectional, population-based study included 2 037 families from the city of Cuiabá. The parents of the children or other caregivers answered a questionnaire concerning the smoking habits of people living in the household, sociodemographic characteristics of the household, and the household’s living conditions. Results. The overall prevalence of smoking in the households was 37.7%. In terms of income, in the households with a monthly per capita income of 2 minimum wages or more, the prevalence of smoking was 24.1%; it was 31.3% in the households with a monthly per capita income between 1 and 1.9 minimum wages; and it was 46.0% in households with a monthly per capita income below 1 minimum wage. With respect
to socioeconomic level (the family’s material goods and purchasing power and the educational level of the head of the household, divided into five classes, from A (highest) to E (lowest)), the higher the socioeconomic level, the lower was the prevalence of smoking in the household: 26.9% for class A, 26.4% for class B, 34.9% for class C, 45.1% for class D, and 47.2% for class E. There was a higher prevalence of smoking when the father did not live in the home (47.5% versus 35.5%), when the head of the family was someone other than the father or the mother (53.8% versus 33.9% and 38.8%, respectively), when the father was younger than 20 years (52.3% versus 31.2% for fathers 40 or older), and when the mother was younger than 20 years (46.1% versus 22.5% for mothers 40 or older). In terms of occupation, the lowest prevalence of household smoking was found with health professionals and teachers, for bot women (18.3%) and men (14.7%). After multivariate logistic regression analysis, the following variables remained associated with household smoking: absence of the father from the household, maternal and paternal schooling, maternal and paternal occupation, child’s age, and household monthly per capita income.
Conclusion. The risk of exposure to household smoking (and thus to passive smoking) in this sample of children younger than 5 years of age was higher in households living in poorer socioeconomic conditions