Rev. panam. salud pública; 37 (4/5), 2015
Publication year: 2015
OBJETIVO:
Compreender o impacto da violência sexual sofrida por mulheres com transtornos mentais a partir de autorrelato de suas experiências. MÉTODOS:
Os relatos emergiram de entrevistas abertas realizadas com mulheres atendidas em serviços públicos de saúde mental de Minas Gerais e Rio de Janeiro como parte de uma pesquisa de cunho mais amplo que teve como objetivo geral investigar as formas de viver e pensar a sexualidade por esse grupo populacional, visando a contribuir para as ações de promoção da saúde sexual. A coleta dos dados se deu em 2008. RESULTADOS:
Foram entrevistadas 17 mulheres com idade entre 18 e 68 anos. Quatorze entrevistadas afirmaram ter vivido relações estáveis, mas somente três permaneciam nessas relações. A maioria dos relacionamentos estáveis não havia sido oficializada. Duas mulheres eram viúvas e 13 tinham filhos. Todas relataram enfrentar dificuldades na convivência com os parceiros e com os filhos, ter poucos amigos e dispor de pouco apoio familiar. A instabilidade dos relacionamentos foi atribuída a situações de agressividade, infidelidade do parceiro e uso de drogas ou álcool. Houve relatos de terem sido vítimas de violência física na família, sobretudo por parte de parceiros, e também de violência sexual, sendo que, em alguns casos, os agressores eram pessoas da família. Duas entrevistadas afirmaram nunca ter tido relação sexual. CONCLUSÕES:
Faz-se necessário capacitar os profissionais de saúde para que propiciem o relato de situações de violência sexual por parte das mulheres e para que encaminhem de forma adequada a situação. Também é fundamental a necessidade de ações intersetoriais para o enfrentamento dessa problemática.
OBJECTIVES:
To understand the impact of sexual violence suffered by women with mental disorders based on self-reports of these experiences. METHODS:
The reports emerged from open interviews with women receiving care at public mental health services in the states of Minas Gerais and Rio de Janeiro, Brazil. These interviews were part of a larger research project that had the overall objective of investigating how this population group lives and thinks sexuality, in order to contribute to actions to promote sexual health. Data collection took place in 2008. RESULTS:
Seventeen women with age between 18 and 68 years were interviewed. Fourteen reported having had stable relationships, but only three were still in these relationships. Most of the stable relationships had not been formalized into marriage. Two participants were widows and 13 had children. All the participants reported difficulties in living with their partners and children and having few friends and little family support. The instability of relationships was attributed to situations of aggression, infidelity, and use of drugs and alcohol. Seven women reported having been victims of physical violence within the family, mostly from partners. Two participants reported never having had sexual relations. CONCLUSIONS:
Health care professionals must be trained to encourage the report of sexual violence by women and adequately handle the situation. Intersectoral actions to deal with this issue are also essential.