HIV e violência contra mulheres: estudo em município com alta prevalência de Aids no Sul do Brasil
HIV and violence against women: study in a municipality with high prevalence of Aids in the South of Brazil

Rev. panam. salud pública; 37 (4/5), 2015
Publication year: 2015

OBJETIVO:

Investigar a prevalência e os fatores associados à violência contra mulheres com HIV em um município de porte médio no Sul do Brasil.

MÉTODOS:

Estudo transversal com amostra de 161 usuárias de um Serviço de Assistência Especializada para HIV em um município com alta prevalência de Aids no estado do Rio Grande do Sul. Para verificar a prevalência e as formas de violência, foram utilizadas 13 questões do instrumento World Health Organization Violence Against Women (WHO VAW), adaptado e validado para português brasileiro. Pesquisou-se a presença de violência psicológica, física e sexual sofrida em algum momento da vida e perpetrada por parceiro ou ex-parceiro íntimo, familiares, conhecidos, amigos, vizinhos, colegas e desconhecidos. A análise estatística foi realizada através do teste qui-quadrado e regressão múltipla de Poisson.

RESULTADOS:

A violência psicológica foi relatada por 117 mulheres (72,7%), a física por 88 (54,6%) e a sexual por 41 (25,4%). A prevalência ajustada da violência em mulheres que viviam há mais de 5 anos com HIV foi 11,5 vezes maior do que a prevalência naquelas que viviam com HIV há < 5 anos; 9,5 vezes maior nas que tinham mais de três filhos vs. três ou menos filhos; e 7,2 vezes maior nas que fizeram sexo antes dos 15 anos vs. a partir dos 15 anos (P < 0,001).

CONCLUSÕES:

As frequências de todos os tipos de violência foram elevadas nesse grupo de mulheres com HIV. É importante que os profissionais de saúde compreendam e abordem questões relativas à discriminação e realizem o cuidado de forma integral, perguntando sobre a presença de violências na vida das mulheres.

OBJECTIVE:

To investigate the prevalence and factors associated with violence against women with HIV in a mid-sized city in the South of Brazil.

METHODS:

This cross-sectional study included 161 users of an HIV Specialized Care Service in a city with high prevalence of Aids in the state of Rio Grande do Sul. To determine the prevalence and forms of violence, 13 questions of the World Health Organization Violence Against Women (WHO VAW) instrument, adapted and validated for Brazilian Portuguese, were used. The presence of lifetime psychological, physical, and sexual violence perpetrated by intimate partners or former partners, family members, acquaintances, friends, neighbors, colleagues, or strangers was investigated. Statistical analysis employed the chi-square test and Poisson multiple regression.

RESULTS:

Psychological violence was reported by 117 women (72.7%), physical violence by 88 women (54.6%), and sexual violence by 41 women (25.4%). The adjusted prevalence of violence was 11.5 times higher in women living with HIV for more than 5 years as compared to those living with HIV for < 5 years; 9.5 times higher in those with more than three children vs. three or fewer children; and 7.2 times higher in those who had sex before before the age of 15 years vs. at 15 years of age or older (P < 0.01).

CONCLUSIONS:

The frequency of all types of violence was high in this group of women with HIV. Health care professionals should understand and address issues relating to prejudice and provide comprehensive care, asking about the presence of violence in the life of women.

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