Rev. panam. salud pública; 37 (4/5), 2015
Publication year: 2015
OBJETIVO:
Conhecer as vulnerabilidades que favoreceram a infecção pelo HIV em adolescentes e jovens do sexo feminino e verificar as dificuldades enfrentadas por essa população após o diagnóstico. MÉTODOS:
Estudo qualitativo realizado por meio de entrevistas com mulheres adolescentes e jovens soropositivas em tratamento, com diagnóstico feito na adolescência. As entrevistas foram gravadas e transcritas na íntegra e os dados obtidos foram analisados através de leitura intensiva, classificação por temas e interpretação na perspectiva hermenêutica-dialética em diálogo com a literatura. RESULTADOS:
Foram entrevistadas 23 mulheres cujo diagnóstico ocorreu entre 11 e 19 anos e que, em sua maioria, foram infectadas através do contato sexual, exceto em dois casos (um com via de transmissão sanguínea e outro desconhecida). Evidenciaram-se como situações de vulnerabilidade a descrença na possibilidade de contaminação, a baixa idade da iniciação sexual (menor que a média brasileira), o não uso de preservativo, parceiros promíscuos ou usuários de drogas injetáveis e submissão a situações de violência. Os principais problemas enfrentados após o diagnóstico foram o preconceito, a discriminação, a necessidade de tomar medicamentos diariamente e as preocupações relacionadas ao desejo de ser mãe. CONCLUSÕES:
Reduzir a feminização da Aids implica em ampliar e aprofundar o debate em torno da sexualidade e dos dilemas vivenciados por adolescentes a respeito desse assunto, de forma aberta, não preconceituosa e não normatizadora, nas escolas e cenários de convivência de jovens, além de fornecer orientação sobre doenças sexualmente transmissíveis, com distribuição gratuita e desburocratizada de preservativos.
OBJECTIVE:
To investigate the vulnerabilities that favor HIV infection by female adolescents and young adults and to determine the difficulties faced by this population following diagnosis. METHODS:
For this qualitative study we interviewed HIV-seropositive young or adolescent women diagnosed as adolescents and receiving treatment at the time of the interviews. The interviews were audio recorded and entirely transcribed. The data obtained were analyzed through intensive reading, classification of themes, and hermeneutic dialectic analysis in dialogue with the literature. RESULTS:
Twenty-three women diagnosed between 11 and 19 years of age were interviewed. Twenty-one participants had acquired Aids via sexual transmission and one from blood. Transmission mode was unknown in one case. The interviews revealed the following vulnerability situations:
disbelief in the possibility of contamination, young age at sexual initiation (below the Brazilian national average), not using a condom, having promiscuous partners or partners who used injectable drugs, and submitting to violence. The main problems faced after the diagnosis were prejudice, discrimination, need to take medication daily, and concerns associated with the desire of becoming a mother. CONCLUSIONS:
Reducing the feminization of Aids entails enhancing the debate regarding sexuality and the dilemmas faced by adolescents to establish an open and unprejudiced dialogue that is not biased by norms, in addition to providing guidance about sexually transmitted diseases, with free and uncomplicated distribution of condoms.