Transtornos mentais comuns e uso de psicofármacos em mulheres atendidas em unidades básicas de saúde em um centro urbano brasileiro
Common mental disorders and use of psychotropic medications in women consulting at primary care units in a Brazilian urban area

Rev. panam. salud pública; 38 (3), 2015
Publication year: 2015

OBJETIVO:

Investigar a prevalência de transtornos mentais comuns (TMC) em mulheres atendidas em unidades de atenção básica em um centro urbano brasileiro, assim como o impacto desses transtornos sobre a qualidade de vida (QV), a associação de fatores sociodemográficos a TMC e QV e a prevalência de uso e padrão de utilização de psicofármacos na amostra estudada.

MÉTODOS:

Nesta pesquisa quantitativa, transversal e correlacional-descritiva, uma amostra estratificada de 365 mulheres foi entrevistada entre maio de 2012 e janeiro de 2013 em cinco unidades básicas de saúde brasileiras. Foram utilizados questionários sociodemográfico e farmacoterapêutico; questionário de autorrelato SRQ-20 para estimar a prevalência de transtornos mentais comuns; e escala de qualidade de vida WHOQOL-bref. Para avaliar o impacto dos TMD na QV, foram utilizados o teste t e modelos de regressão linear. Utilizou-se o teste do qui-quadrado para verificar associações entre TMC e variáveis ​​sociodemográficas. A análise do consumo de psicofármacos foi descritiva.

RESULTADOS:

A prevalência de TMC foi de 44,1% e a de consumo de psicofármacos de 27,1%. Apenas 5,6% das participantes do estudo tinham registro de diagnóstico psiquiátrico no prontuário. Os psicofármacos eram usados por 41,6% das entrevistadas positivas para TMC e 15,7% das negativas para TMC. Não houve associação entre TMC e variáveis sociodemográficas. Houve associação estatisticamente significativa entre TMC e QV. As mulheres positivas para TMC apresentaram pior QV. Não houve influência de fatores sociodemográficos sobre esse resultado.

CONCLUSÕES:

Mais atenção é necessária ao padrão de uso e prescrição de psicofármacos na atenção básica. As pacientes com TMC apresentaram prejuízo funcional, evidenciado por escores de QV significativamente menores. A ausência de influência dos fatores sociodemográficos sobre os resultados parece corroborar a proposição de uma origem distinta para TMC em mulheres.

OBJECTIVE:

To investigate the prevalence of common mental disorders (CMD) in women consulting at primary health care units in a Brazilian urban area, as well as to determine the impact of CMD on quality of life (QoL), the association of sociodemographic factors with CMD and QoL, and the prevalence and pattern of psychotropic medication use in the study sample.

METHODS:

In this quantitative, cross-sectional, correlational-descriptive study, a stratified sample of 365 women was interviewed between May 2012 and January 2013 in five primary health care units in Brazil. Data were collected using sociodemographic and drug use questionnaires. The self-reporting questionnaire (SRQ-20) was used to estimate the prevalence of CMD; and the World Health Organization Quality of Life (WHOQOL)-bref instrument was used to assess quality of life. To evaluate the impact of CMD on QoL, the t test and linear regression models were employed. The chi-square test was used to verify associations between CMD and sociodemographic variables. Descriptive analysis was used for psychotropic drug use.

RESULTS:

The prevalence of CMD was 44.1%. The prevalence of psychotropic medication use was 27.1%. Only 5.6% of participants had a psychiatric diagnosis recorded in their medical chart. Psychotropic drugs were used by 41.6% of participants with CMD according to the SRQ-20 and by 15.7% of those without CMD. There was no association between CMD and sociodemographic variables, but CMD and QoL were significantly associated. Women with CMD had the worst QoL, without impact of sociodemographic variables.

CONCLUSIONS:

Further attention should be given to the pattern of psychotropic medication use and prescription in primary care settings. Women with CMD had functional impairment, as shown by significantly lower QoL scores. The fact that sociodemographic factors did not impact the present results seems to support the notion of a different basis for CMD in women.

More related