Rastreamento do câncer de colo uterino em índias do Parque Indígena do Xingu, Brasil central
Cervical cancer screening among indigenous women in the Xingu Indian Reservation, central Brazil

Rev. panam. salud pública; 7 (2), 2000
Publication year: 2000

Embora a literatura apresente dados preocupantes sobre a incidência do câncer de colo uterino entre povos indígenas, no Brasil sao muito escassas as informaçoes a respeito da ocorrência de câncer nessa populaçao. Assim, o objetivo do presente estudo descritivo foi analisar a prevalência de câncer do colo uterino e de infecçoes cérvico-vaginais em 423 mulheres índias, habitantes do Parque Indígena do Xingu, Estado do Mato Grosso, com vida sexual ativa presente ou pregressa. Os dados foram coletados entre 1989 e 1996. Foram realizados exames clínicos e ginecológico previamente a obtençao de esfregaço da cérvice uterina e estudo da citologia oncológica, complementados por colposcopia e biópsia nos casos positivos. Os resultados demonstraram que 1 por cento das mulheres apresentava carcinoma invasivo e 3 por cento apresentavam lesoes pré-malignas. Além disso, evidenciou-se que 84 por cento das mulheres apresentavam atipias celulares de natureza inflamatória, decorrentes de infecçoes genitais sexualmente transmitidas. Estes achados estao de acordo com a literatura internacional quanto a elevada prevalência dessas doenças em populaçoes nativas e indicam a importância de serem estendidos aos povos indígenas do Brasil os programas de controle, tanto das doenças sexualmente transmissíveis, como de detecçao e tratamento precoces do câncer do colo do útero
Although the literature presents worrisome data regarding the incidence of cervical cancer among indigenous populations, in Brazil there is very little information regarding the occurrence of this type of cancer among indigenous peoples. Therefore, the objective of the present descriptive study was to assess the prevalence of cervical cancer and of cervical and vaginal infections among 423 indigenous women living in the Xingu Indian Reservation, in the state of Mato Grosso, Brazil. These women were or had been sexually active. Data were collected between 1989 and 1996. Clinical and gynecological examinations were carried out prior to the collection of cervical specimens and to the performance of cytologic analyses. Upon detection of abnormalities, a colposcopy and a biopsy were also performed. Our results show that 1% of the women studied presented invasive carcinoma and that 3% presented premalignant lesions. In addition, 84% presented inflammatory atypia, resulting from sexually transmitted genital infections. The present findings are in accordance with the resultsof other international reports regarding the high prevalence of cervical conditions among indigenous populations, and they underscore the need to extend to the indigenous peoples of Brazil programs aiming at the control of sexually transmitted diseases and at the early detection and treatment of cervical cancer.

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