Encefalite no litoral paulista: a emergência da epidemia e a reação da mídia impressa
Encephalitis on the south coast of the State of São Paulo: the emergence of the epidemic and the response of the written media

Saúde Soc; 18 (4), 2009
Publication year: 2009

No litoral sul do estado de São Paulo, ocorreu uma epidemia de encefalite pelo arbovírus Rocio de 1975 a 1978. As altas taxas de morbidade e mortalidade causaram impacto social. Neste trabalho, o objetivo foi apresentar um estudo sobre como a mídia impressa relatou os acontecimentos sociais relacionados ao surgimento da epidemia no primeiro semestre de 1975. Reportagens sobre a epidemia no litoral sul foram obtidas do banco de dados dos jornais A Tribuna, Folha de S.Paulo e Jornal da Tarde. Foram analisadas as notícias até o mês de julho de 1975, fase inicial e de maior impacto da epidemia. Com a identificação de casos de encefalite, de causa desconhecida, a Secretaria de Estado da Saúde desaconselhou a ida de turistas para o litoral, utilizando a mídia como veículo de divulgação. Diante das notícias, ocorreu a fuga dos turistas e, consequentemente, a crise do comércio. Observou-se a revolta dos comerciantes, que geraram embates contra a mídia, no que tange à forma de divulgação da epidemia. Alguns prefeitos alegaram inveracidade de notícias publicadas. A proibição feita pelas autoridades sanitárias foi relatada pela mídia de forma abrangente, englobando sujeitos envolvidos nesse discurso. Assim, foram reveladas ao público as tensões geradas entre os detentores do conhecimento científico e o poder econômico local. Os jornais realizaram cobertura abrangente, abordando vários temas, entretanto disseminaram incertezas e fizeram uso de imagens sensacionalistas, além de desarticular acontecimentos biológicos e sociais. Os temas chegaram aos leitores de forma fragmentada e com sentidos sociais comprometidos.
On the south coast of the State of São Paulo, there was an encephalitis epidemic due to the arbovirus Rocio from 1975 to 1978. High rates of morbidity and mortality caused a social impact. There was a decrease in tourism and a commercial crisis, which caused turmoil among traders and reactions against the media concerning the communication of the epidemic. This work aimed to present a documental study of the epidemic with the purpose of analyzing how the written press communicated the social facts related to the epidemic in the first half of 1975. Articles about the epidemic were obtained in the database of the newspapers A Tribuna, Folha de S.Paulo and Jornal da Tarde. The pieces of news published up to the month of July of 1975 were analyzed. With the identification of encephalitis cases of unknown causes, the State Department of Health advised tourists, through the media, not to go to the coast. In face of the news, a flight of tourists occurred, and the discomfort of traders was observed. Some mayors alleged that the published news were not true. The prohibition made by the sanitary authorities was reported by the media in an interdisciplinary way, encompassing the researchers and society. Thus, the media revealed to the public tensions between the scientific knowledge holders and the local economic power. The newspapers covered many topics, but they spread uncertainty and used sensationalist images, besides disarticulating biological and social events. The subjects reached the readers in a fragmented way and with damaged social meanings.

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