Saúde Soc; 19 (supl.2), 2010
Publication year: 2010
INTRODUÇÃO:
A epidemia de aids atinge com maior intensidade os grupos mais vulneráveis. As tendências de interiorização, pauperização e feminização demonstram que a população negra se encontra em desvantagem social no que se refere à construção de respostas de enfrentamento. OBJETIVO:
Descrever as condições de acesso da população negra ao diagnóstico e à assistência para DST, HIV/aids. MÉTODOS:
Estudo transversal com 218 sujeitos maiores de 18 anos com vida sexual ativa em 11 comunidades quilombolas. RESULTADOS:
75 por cento utilizam os serviços públicos na atenção básica. Antecedentes de sinais e sintomas de DST foram relatados por 10 por cento dos entrevistados e a maioria procurou o serviço público de saúde. A testagem para HIV foi realizada por 22 por cento. O serviço público não especializado foi utilizado por 73 por cento. As mulheres que referiram sinais e sintomas de DST procuraram o serviço público e realizaram o teste para HIV com maior frequência que os homens. Houve uma maior percepção de dificuldades de atendimento, busca de assistência no serviço privado e testagem mais frequente entre os mais jovens. Pessoas negras perceberam maior dificuldade no atendimento, maior relato de sinais e sintomas de DST e maior frequência de automedicação quando comparadas às não negras. Contudo, a avaliação do serviço foi considerada ótima/boa por 45 por cento. Entre pessoas não negras houve maior procura pelo serviço público. CONCLUSÃO:
O estudo reafirma a necessidade de políticas públicas voltadas aos segmentos mais vulneráveis. É importante ressaltar a necessidade da capacitação das equipes do PACS (Programa de Agentes Comunitários de Saúde) e PSF (Programa Saúde da Família) pela sua relevância na assistência dessas comunidades.
INTRODUCTION:
The AIDS epidemic affects vulnerable groups with more intensity. Tendencies show that countryside territories, poor populations and female patients are vulnerable; thus, the black population find themselves in social disadvantage regarding the construction of coping responses. OBJECTIVES:
To describe the black population's conditions of access to HIV/AIDS and STD diagnosis and assistance, and the use of healthcare services in such context. METHODS:
Cross-sectional epidemiological study with a sample of 218 sexually active adults, living in 11 different quilombos (hiding places of runaway slaves) in Brazil. RESULTS:
75 percent said they use public primary care services. Previous symptoms of STD were reported by 10 percent of the interviewees, and most of them said they contacted the public healthcare service (70 percent). HIV testing was performed by 22 percent of the subjects. The public non-specialized healthcare service was used by 73 percent of the interviewees. Among the participants who reported previous symptons of STD, women went to the public healthcare service and performed the HIV testing with higher frequency than men. Young people had greater perception of assistance difficulties, and they also searched more for assistance in the private healthcare services and performed testing more frequently. Black people perceived greater difficulty in receiving assistance, reported previous symptoms of STD with higher frequency, and resorted to self-medication more often when compared to non-black individuals. However, service ratings were considered good/great by 45 percent of the participants. Non-black people claimed to seek for public services more frequently than the other subjects. CONCLUSION:
The study highlights the necessity of public policies targeted at the most vulnerable segments of population. It is important to mention the need to train the medical teams of Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS - Health Community Agents Program) and Programa Saúde da Família (PSF - Family Health Program), due to their relevance in the assistance provided for these communities.