Neste artigo discutem-se os processos de adoecimento ligados à loucura, considerados como evento individual-social complexo que desencadeia um conjunto de ações e reações na sociedade. São lembrados momentos importantes da psiquiatria implantada no período colonial, os debates em torno da descolonização e o entendimento da Organização Mundial de Saúde (OMS), que desde a década 1970, promove uma série de iniciativas que visam ao fortalecimento e à qualificação dos saberes desenvolvidos pelas medicinas originárias de diversos países. A análise tem como referência dados históricos sobre a psiquiatria de origem européia na África Negra, particularmente na República do Mali, e aspectos conceituais da medicina negro-africana, ressaltando o distanciamento epistemológico entre duas práticas médicas.