Os autores apresentam suas reflexöes à partir dos resultados de duas investigaçöes distintas sobre a participaçäo dos estudantes de medicina em estágios extracurriculares e sobre as relaçöes entre o sofrimento psíquico de trabalhadores da saúde e a organizaçäo do trabalho hospitalar. O recorte feito para a análise limitou as discussöes sobre a prática profissional nas emergências. É historiada a participaçäo de estudantes de medicina em estágios em emergências no Brasil, demonstrando que existem documentos comprovando esta prática desde o início do século. Estes estágios caracterizam-se pela grande autonomia que os estudantes possuem, exercendo suas atividades muitas vezes sem a supervisäo de um médico. Os autores apresentam em seguida uma análise da forma como o processo de trabalho é organizado nas emergências destacando as características da divisäo do trabalho, a coesäo da equipe, o sentimento de impotência, a integraçäo aos trabalhos do hospital e as condiçöes do ambiente de trabalho. Assinalando o risco do aprendizado nessas condiçöes e as possíveis deformaçöes da ética profissional que os estudantes podem assimilar, os autores preconizam mudanças na organizaçäo do trabalho nas emergências e a obrigatoriedade de programas pedagógicos nos estabelecimentos que pretendam aceitar a presença de estagiários.