Mãe e filha: da devastação e do amor
Mother and daughter: devastation and love

Tempo psicanál; 43 (2), 2011
Publication year: 2011

Este artigo parte da afirmação de Lacan segundo a qual uma mãe pode ser uma devastação para uma filha. A devastação apresenta-se articulada ao amor e à sua impossibilidade. Sabemos que Lacan aborda o feminino a partir da divisão entre o real e o simbólico. Não-toda submetida à lei da castração e da palavra, a mulher teria uma relação privilegiada com o real, de modo contingente e esporádico. A devastação que uma mãe pode ser para uma filha seria um modo de manifestação desta relação privilegiada com o real. No filme "Sonata de outono", Bergman nos dá a ver a conturbada relação entre mãe e filha, marcada pela impossibilidade do amor. No outono de Bergman, assistimos a uma queda dos semblantes na qual um real insuportável ganha consistência. Onde o semblante fracassa, surge a devastação.
This paper takes as its starting point Lacan's statement that a mother may be a devastation to her daughter. Devastation is articulated to love and its impossibility. We know that Lacan's approach to the feminine is based on the categories of the real and the symbolic. Not-all submitted to castration and to the symbolic, woman has a privileged relation to the real, a relation that is contingent and sporadic. The devastation that a mother may be to her daughter is a manifestation of this relationship to the real. Bergman's Autumn Sonata shows a troubled relationship between a mother and her daughter, marked by the impossibility of love. We see in this movie the failure of the appearance (semblant) - and when it fails, devastation appears.

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