Foram estudados 48 pacientes submetidos a tratamento cirúrgico na vigência de endocardite infecciosa, no Instituto "Dante Pazzanese " de Cardiologia, de fevereiro de 1976 a junho de 1983. Vinte e oito eram do sexo masculino (58,3%), e a idade variou de 7 a 64 anos (média 31,6). Quarenta e sete pacientes apresentavam cardiopatia prévia (97,9%), assim distribuída: cardiopatia conênita, 1 caso (2,1%); miocardiopatia hipertrófica assimétrica, 1 caso (2,1%) e valvopatia, 45 casos(95,8%).

Este último grupo foi dividido em 3 subgrupos:

valvas naturais, 14 (31,1%); próteses metálicas, 5 (11,1%) e próteses biológicas, 26 (57,8%). O diagnóstico baseou-se no quadro clínico, exames laboratoriais,ecocardiografia, achados cirúrgicos (100% dos casos) e anátomo-patológicos. Entre as hemoculturas positivas, o Streptococcus viridans foi o agente etiológico de maior incidência (18,7%).A indicaçäo cirúrgica mais comum (50%) foi a insuficiência cardiaca congestiva de dificil controle clínico. Ocorrem 14 óbitos (29,1%). Destes 13 acometeram pacientes com próteses valvares. A síndrome de baixo débito foi a "causa mortis" mais freqüente (50%). Considerando a elevado mortalidade descrita na literatura (79-89%) dos pacientes com endocardite infecciosa que evoluem com insuficiência cardíaca congestiva refratária, fenômenos tromboembólicos e infecçäo näo controlada, submetidos exclusivamente a tratamento clínico, os resultados deste trabalho justificam a utilizaçäo da terapêutica cirúrgica nas situaçöes acima referidas.