Foram estudados os aspectos das células parasitadas pelo T. cruzi em supra-renais e coraçöes de chagásicos crônicos em preparaçöes histológicas coradas pela hematoxilina-eosina e pela técnica da peroxidase anti-peroxidase (PAP). Comparando-se os aspectos dos leiomiócitos parasitados na musculatura da veia supra-renálica (LPSR) com os miocardiócitos parasitados (MP) foram observadas as seguintes diferenças: a) aumento de volume dos LPSR, geralmente acentuado e desproporcional ao número de parasitas, enquanto os MP sofrem aumento volumétrico menor e proporcional ao número de parasitas; b) núcleos gigantes e lobulados com nucléolos, säo freqüentes nos LPSR e excepcionais nos MP; c) nos MP o citoplasma näo ocupado pelos parasitas permanece organizado, enquanto que os LPSR perdem a estrutura miofibrilar tornando-se, em algumas células, finamente granulosos, basófilos, PAP negativos, ou acidófilos e PAP positivos; d) na parede interna de alguns LPSR forma-se uma faixa PAP positiva que näo é observada nos miocardiócitos; e) embora um exsudato leucocitário possa ser encontrado em torno dos MP e dos LPSR, apenas nos MP foram evidentes fenômenos regressivos dos miocardiócitos e das amastigotas e, às vezes, invasäo do citoplasma dos MP por monocleares> As observaçöes indicam profundas diferenças na interaçäo entre o parasita e os dois tipos de células musculares, sendo possível que correspondam a mecanismos de açäo distintos no que se refere às lesöes teciduais e que o parasitismo do leiomiócito supra-renálico seja responsável pela perpetuaçäo do T. cruzi no organismo do chagásico crônico