Com o objetivo de analisar os fatores de risco envolvidos na patogênese da aterosclerose, em especial o nível de colesterol nas lipoproteínas de alta densidade (HDL-C), foram avaliados 628 funcionários do Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Paraná, 422 do sexo feminino, idades extremas de 14 e 68 anos, com média etária de 36 anos. No total, levantaram-se 21 variáveis, mas devido ao volume de dados obtidos, decidiu-se limitar o presente estudo apenas as interrelaçöes do HDL-C com os demais fatores.

Os procedimentos estatísticos compreenderam:

análise de correlaçäo simples, teste "t" de Student bilateral, teste de X**2, e análise de regressäo múltipla, com nível de significância aceito de 5%. Observou-se que os níveis do HDL-C nas mulheres foram superiores aos dos homens, independente da faixa etária (p < 0,0001). No sexo feminino, o HDL-C apresentou correlaçäo positiva com o colesterol (p < 0,00001); e correlaçäo negativa com os triglicerídeos (p > 0,00001) com o uso de contraceptivos orais (p < 0,05) e com o tabagismo (p < 0,01), verificando-se que quanto maior o número de cigarros consumidos, menor era o nível do HDL-C (p < 0,01). Näo houve efeito aditivo entre fumo e os contraceptivos orais, em relaçäo a concentraçäo do HDL-C. Ainda, em mulheres, o índice Quetelet (índice de massa corporal) apresentou relaçäo inversa com HDL-C apenas na análise de correlaçäo simples (p < 0,05). Nos homens, näo ocorreu associaçäo do HDL-C com nenhuma variável, à exceçäo da correlaçäo inversa com os triglicerídeos. Conclui-se pela importância do teor do HDL-C em relaçäo à aterosclerose, face à sua interrelaçäo com diversos fatores de risco em jogo nessa condiçäo patológica. Destaca-se o valor de levantamentos epidemiológicos, principalmente em comunidade hospitalar, como no presente estudo, visando a preservaçäo da saúde de seus funcionários, e pelo efeito multiplicador dos conhecimentos obtidos, no âmbito familiar, no trabalho e na comunidade