Objetivo - Avaliar a influência de dois grupos de variáveis dietéticas e sócio-culturais sobre os fatores de risco da doença isquêmica do coraçäo (pressäo arterial, lipemia e tabagismo) em uma amostra diversificada de indivíduos em Ribeiräo Preto, Brasil. Métodos - A amostragem consistiu de 80 famílias, sendo 20 de nível sócio-econômico muito baixo ("bóias-frias"), 20 de trabalhadores rurais, 20 de industriários e 20 de bancários. Em visitas domiciliares foram obtidos dados sobre características sócio-culturais, ingestäo de alimentos (4 recordatórios de 24h incluindo um final de semana), pressäo arterial, lípides sangüíneos (colesterol total, triglicerídeos, HDL-colesterol) e tabagismo. Os resultados de ingestäo de alimentos foram transformados em ingestäo de nutrientes com uso de tabelas de composiçäo de alimentos. Com os resultados do questionário sócio-cultural foram obtidas duas variáveis: suporte social (número de pessoas a quem se possa recorrer em condiçöes de dificuldade) e incongruência no estilo de vida (relaçäo ente as aspiraçöes materiais de um indivíduo e seu ganho). Os indivíduos foram classificados como de baixo estresse, aqueles com alto suporte social e com baixa incongruência no estilo de vida, e pessoas com elevado grau de estresse, baixo suporte social e alto grau de incongruência no estilo de vida. Resultados - a ingestäo de colesterol, a percentagem de calorias da dieta como ácidos graxos polinsaturados, de cálcio e de fibras relaciona-se com os níveis séricos de lípides; o nível sócio-econômico, com o nível sérico de lípides; o níveis elevados de estresse, com pressöes diastólicas elevadas e com perfil desfavorável de lípides séricos e o tabagismo, com idade, sexo, estado sócio-econômico e incongruência ao estilo de vida. Conclusäo - O processo de mudanças sociais leva a aumento no risco de doença isquêmica do coraçäo e os comportamentos específicos dos indivíduos podem ser alterados para reduzir os seus riscos