Foram revisados todos os 155 casos de carcinoma papilifero (CP) do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da USP no período de 1947 a 1985, de um total de 7.654 tireóides analisadas neste período, e feita a correlaçäo com seus aspectos macroscópicos, suspeita clínica pré-operatória e tempo de evoluçäo entre o aparecimento do nódulo e o diagnóstico. O CP mostrou-se de caráter invasivo em 24 casos (15,4%), multicêntrico em 52(33,5%) e uninodular em 72 casos (46,4%). Houve preferência pelo lobo direito em 68 casos (43,8%), pelo esquerdo em 25 (16,1%), em ambos em oito (5,1%) e näo referidos em 56(36,1%). Em apenas seis casos (3,8%) o CP localizou-se no istmo, três deles associados aos lobos direito (dois) e esquerdo (um). O tempo de evoluçäo do aumento de volume da glândula variou de cinco dias a 44 anos. Significativa percentagem (44,5%) estava associada a presença de cistos. Apenas 38% dos casos tinham suspeita clínica de carcinoma primário da tireóide. Os demais apresentavam suspeita clínica de outras patologias benignas, incluindo bócio em 45,8% dos casos. Concluímos que o CP da tireóide näo deve ser excluído das hipóteses diagnósticas, mesmo quando nos defrontamos com características clínicas de aparente benignidade, tais como história de bócio antigo, aspecto multinodular da glândula ou nódulo solitário cístico