Hipertiroidismo com fibrilaçäo atrial: é necessário anticoagular todos os pacientes?
Hyperthyroidism with atrial fibrillation: is it necessary to make anticoagulation in all the patients?
Arq. bras. endocrinol. metab; 40 (1), 1996
Publication year: 1996
O emprego da anticoagulaçao oral em pacientes com hipertiroidismo e fibrilaçao atrial ainda é controverso. O objetivo da presente revisao é propor uma conduta contemporânea sobre a necessidade de anticoagulaçao em pacientes com hipertiroidismo e fibrilaçao atrial, com base no conhecimento atual dos fatores de risco associados ao desenvolvimento de fenômenos troboembólicos. A fibrilaçao atrial ocorre em cerca de 13 a 35 por cento dos pacientes com hipertiroidismo, especialmente entre os pacientes com insuficiência cardíaca e após os 60 anos de idade. Provavelmente, há uma associaçao entre as manifestaçoes cardiovasculares do hipertiroidismo e a doença cardíaca intrínseca. A reversao para o rítmo sinusal ocorre espontaneamente em 60 por cento dos pacientes, usualmente cerca de 3 semanas após ter sindo atingido o eutiroidismo. Alguns estudos observacionais em pacientes com hipertiroidismo sugerem que estes indivíduos sejam mais suscetíveis ao desenvolvimento de fenômenos tromboembólicos. Entretanto, os pacientes com hipertiroidismo nao apresentam qualquer peculiaridade que justifique esta suposta suscetibilidade. Assim, estas observaçoes devem ser analizadas à luz de recentes ensaios prospectivos e randomizados que identificaram os seguintes fatores de risco para o desenvolvimento de acidente vascular cerebral isquêmico em pacientes com fibrilaçao atrial: idade maior que 60 anos; fenômeno tromboembólico prévio; diabete mélito; história de hipertensao arterial sistêmica; presença de insuficiência cardíaca; e, na ecocardiografia, átrio esquerdo aumentado (> 2,5 cm/m2 de superfície corporal) e disfunçao sistólica do ventrículo esquerdo. Embora nao existam estudos prospectivos e randomizados de pacientes com hipertiroidismo e fibrilaçao atrial, sugerimos que a anticoagulaçao oral seja empregada apenas em pacientes que apresentem pelo menos um dos fatores de risco mencionados. Pacientes sem fatores de risco podem ser tratados com ácido acetil salicílico.
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