Estudantes universitários e a infecção pelo hiv: um estudo sobre comportamento sexual e vulnerabilidades
College students and hiv infectIon: a study of sexual behavior and vulnerabIiIies
DST j. bras. doenças sex. transm; 28 (3), 2016
Publication year: 2016
Transformações emocionais, sociais e físicas marcam a adolescência. Nessa fase do desenvolvimento, o indivíduo mais vulnerável tende a se
envolver em comportamentos de risco relacionados ao uso de álcool e drogas assim como em situações de sexo sem proteção.
Objetivo:
Avaliar as atitudes dos universitários em relação às doenças sexualmente transmissíveis (DST) e a influência da universidade nesse comportamento.Métodos:
Questionários padronizados foram aplicados de forma anônima por uma equipe treinada, nas salas de aula, direcionados para: um primeiro grupo formado de calouros (alunos do primeiro ano de faculdade) e um segundo grupo formado de veteranos (alunos do quarto ano de faculdade) de 11 setores que compõem a Universidade Federal do Paraná (UFPR), sendo que o cálculo amostral definiu um total de 1.459 estudantes, sendo incluídos 1.350. Esse questionário foi baseado na Pesquisa de Conhecimentos, Atitudes e Práticas na População Brasileira de 15 a 64 anos (PCAP) de 2008, realizado pelo Ministério da Saúde (MS), Secretaria de Vigilância em Saúde Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. O questionário foi modificado e adaptado para a pesquisa sobre Vulnerabilidades às DST, infecção pelo HIV/Aids e gravidez não planejada entre estudantes universitários da UFPR.Resultados:
Dos 1.350 estudantes abordados, 1.070 (79,2%) já tiveram relação sexual alguma vez na vida (74,9% dos calouros e 86,8% dos veteranos). Em relação ao gênero, 76,3% das mulheres e 82,7% dos homens já haviam iniciado a vida sexual. Dos 507 calouros que fizeram sexo vaginal, 42,0% não usaram camisinha, contra 56,7% dos 363 veteranos (p<0,0001). Cenário semelhante observa-se em relação ao sexo oral, sendo novamente os veteranos os que fizeram menor uso de proteção em relação aos calouros, 94,9 versus 88,6% (p=0,0021). O total de 273 pessoas respondeu ambas as questões sobre testagem para o HIV e sobre a prática de sexo vaginal desprotegido nos últimos 12 meses. Dos 163 universitários que não utilizaram preservativo, 55,2% fizeram a testagem no período. Por outro lado, dos 110 que utilizaram preservativo naquele período, apenas 41,8% testaram-se para o HIV (p=0,0359).Conclusão:
Comportamento sexual de risco e deficiente autopercepção de vulnerabilidade marcam o perfil dos universitários participantes deste estudo. Os jovens expostos não têm consciência da sua real vulnerabilidade. A universidade não atua como fator protetor para esses estudantes. Para os adolescentes, há muitos fatores que se sobrepõem ao risco de adquirir uma DST. A universidade pode e deve contribuir de maneira mais efetiva na conscientização e na promoção da saúde de seus estudantes
Adolescence is marked by emotional, social and physical changes. In this stage of development, vulnerable individuals tend to engage in
risk behaviors related to the use of alcohol and drugs as well as unprotected sex.