Cardiomiopatia Chagásica crônica - diagnóstico e tratamento
Chronic Chagas Cardiomyopathy - diagnosis and treatment

Rev. Soc. Cardiol. Estado de Säo Paulo; 26 (4), 2016
Publication year: 2016

O diagnóstico de cardiomiopatia chagásica crônica deve ser considerado em todo paciente proveniente de áreas endêmicas, que apresente história de doença cardíaca e anormalidades no exame cardiológico, na vigência de duas reações sorológicas positivas (ELISA, imunofluorescência indireta ou hemaglutinação indireta). O ECG convencional e o ecocardiograma transtorácico são fundamentais para revelar a presença de cardiomiopatia subjacente. O tratamento da cardiomiopatia da doença de Chagas deve contemplar as diferentes formas de apresentação da moléstia – dor precordial, tromboembolismo, arritmias cardíacas, morte súbita e insuficiência cardíaca crônica (ICC). A dor precordial deve ser tratada com betabloqueadores, antagonistas do cálcio ou nitratos. O tratamento do tromboembolismo deve ser oferecido para os pacientes com alto risco de desenvolver o fenômeno, ou seja, que apresentam fibrilação atrial, trombose mural, tromboembolismo prévio e aqueles com o aneurisma de ponta do VE. Pacientes com taquicardia ventricular sustentada e aqueles recuperados de morte súbita devem receber implante de desfibrilador-cardioversor para a prevenção secundária de morte súbita cardíaca. O tratamento da ICC deve ser semelhante ao preconizado para a ICC de etiologia não chagásica, visto que a fisiopatologia é semelhante, contemplando-se o uso de mineralocorticoides, betabloqueadores, antagonistas da enzima conversora de angiotensinogênio em angiotensina e diuréticos. A digoxina deve ser usada com cautela nesses pacientes, preferencialmente com monitoração de níveis séricos. A terapia de ressincronização cardíaca parece ser promissora nos pacientes com tratamento medicamentoso otimizado. Na ICC terminal, o transplante cardíaco é opção terapêutica segura, tendo em vista os resultados, no mínimo, semelhantes aos observados em pacientes não chagásicos
The diagnosis of chronic Chagas cardiomyopathy should be considered in all patients from endemic areas, presenting history of heart disease and abnormalities in the cardiac examination, in the presence of two positive serologic reactions (ELISA, indirect immunofluorescence, or indirect hemagglutination). The conventional ECG and the transthoracic echocardiography are crucial to reveal the presence of underlying cardiomyopathy. The treatment of Chagas cardiomyopathy should address the different forms of the disease – precordial chest pain, thromboembolism, cardiac arrhythmias, sudden death, and chronic heart failure (CHF). Precordial chest pain should be treated with beta-blockers, calcium antagonists, or nitrates. The treatment of thromboembolism should be given to patients at high risk of developing the condition, i.e., that have atrial fibrillation, mural thrombosis, previous thromboembolism, and left ventricular apical aneurysm. Patients with sustained ventricular tachycardia and those with previous cardiac arrest should receive implantable cardioverter-defibrillator for secondary prevention of sudden cardiac death. The treatment of CHF is similar to that recommended to non-Chagas disease heart failure, inasmuch as the pathophysiology is similar, consisting of mineralocorticoids, beta-blockers, angiotensin converting enzyme inhibitors, and diuretics. Digoxin should be used with caution in such patients, preferentially with monitoring of serum levels. Cardiac resynchronization therapy seems promising in patients on optimized medical therapy. In end-stage CHF, heart transplantation is a safe therapeutic option, as the results are at least similar to those found in non-Chagas disease patients

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