Avaliação do tempo de realização do diagnóstico de mortes encefálicas notificadas à Central de Transplantes do Rio Grande do Sul
Evaluation of the time of diagnosis of brain deaths notified to the Center for Transplants of Rio Grande do Sul, Brazil

Sci. med. (Porto Alegre, Online); 25 (3), 2015
Publication year: 2015

Objetivos:

Avaliar o tempo de realização do diagnóstico de mortes encefálicas notificadas à Central de Transplantes do Rio Grande do Sul e correlacionar o tempo da conclusão desse diagnóstico com os órgãos captados e, consequentemente implantados.

Métodos:

O estudo incluiu as mortes encefálicas notificadas à Central de Transplantes do Rio Grande do Sul dos doadores efetivos no período de 2003 a 2013. Foram obtidos dados dos doadores (procedência, idade, cor, sexo e causa da morte) e, também, informações sobre o diagnóstico de morte encefálica (data e período do dia em que foi aberto o protocolo, horários do primeiro e segundo teste clínico e horário do exame complementar), bem como os órgãos e tecidos captados e implantados. As comparações de médias entre grupos foram realizadas por meio dos testes t-Student e Anova, ou seus equivalentes não paramétricos Mann-Whitney e Kruskal-Wallis.

Resultados:

Foram incluídos no estudo 492 doadores efetivos, sendo 275 (55,9%) do sexo masculino. A faixa etária predominante foi a de 40 a 59 anos, com 222 doadores (45,2%). A principal causa de morte foi o acidente vascular encefálico, 276 (56,1%) e o exame complementar mais utilizado foi a angiotomografia, em 177 (36,0%). O rim foi o órgão mais captado, 968 (98,4% da amostra) sendo implantados 94% dos captados; e o coração foi o menos captado, 35 (7,1%), com 100% de implantação. As médias de tempo entre os testes clínicos e a conclusão do diagnóstico de morte encefálica foram de 8,9 e 14,1 horas, respectivamente. Protocolos iniciados à noite e realizados com angiorressonância e eletroencefalograma tiveram um tempo para a conclusão significantemente superior aos demais. Não houve diferença significativa quando correlacionado o tempo de para a conclusão do diagnóstico com os órgãos captados e implantados.

Conclusões:

O tempo médio total entre os testes clínicos que contemplam o diagnóstico de morte encefálica foi superior ao recomendado pelo Conselho Federal de Medicina. O tempo médio total de realização do diagnóstico de morte encefálica não foi um fator determinante para o número de órgãos captados e implantados.

Aims:

To evaluate how long it takes for the diagnosis of brain deaths notified to the Center for Transplants of Rio Grande do Sul, southern Brazil, and to establish a relationship between the time eeded for the diagnosis and the harvest of organs and their transplantation.

Methods:

The study included brain death notifications to the Center for Transplants of Rio Grande do Sul for donors from 2003 to 2013. Information about the donors (place of origin, age, complexion, sex, and cause of death), about the diagnosis of brain death (date and time of day at which the protocol was created, time of the first and second clinical tests, and time of complementary examination), and about the harvested and transplanted organs and tissues was collected. The means between groups were compared by Student’s t test and ANOVA or by their nonparametric counterparts, i.e., Mann-Whitney and Kruskal-Wallis tests.

Results:

A total of 492 donors were included in the study, among whom 275 (55.9%) were male. There was a predominance of individuals aged 40 to 59 years (222 donors or 45.2%). Stroke was the main cause of death (276 or 56.1%), and CT angiography was the most widely used complementary exam, performed in 177 (36%) individuals. Kidneys were the most frequently harvested organs (968 or 98.4%), being transplanted in 910 (94%) cases. Heart was the least frequently harvested organ (35 or 7.1%), with a transplantation rate of 100%. The average time between the clinical tests and the determination of brain death amounted to 8.9 and 14.1 hours, respectively. Protocols initiated during the night which included magnetic resonance angiography and electroencephalogram presented a higher average time. No significant difference was observed between the time needed for brain death diagnosis and organ harvest and transplantation.

Conclusions:

The overall average time between clinical tests for the diagnosis of brain death was greater than that recommended by the Brazilian National Medical Council. However, the average time for the diagnosis of brain death was not a determining factor for the number of harvested and transplanted organs.

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