História natural da hipercolesterolemia familiar
Natural history of familial hypercholesterolemia

Rev. Soc. Cardiol. Estado de Säo Paulo; 26 (3), 2016
Publication year: 2016

A hipercolesterolemia familiar (HF), uma das mais comuns doenças genéticas, é caracterizada por hipercolesterolemia, geralmente expressiva, que se associa ao desenvolvimento prematuro da aterosclerose e suas complicações. Embora sua base genética esteja associada a variantes dos genes que codificam o receptor da lipoproteína de baixa densidade (LDL), da apolipoproteína B (ApoB), da pró-proteína convertase subtilisina/kexina tipo 9 (PCSK9) ou da proteína adaptadora do receptor da LDL, a doença é mais frequentemente relacionada as mutações do receptor da LDL. Ela pode se expressar por níveis muito elevados de colesterol das LDL em sua forma homozigótica (rara) ou com muito mais frequência e com menor gravidade pela forma heterozigótica. Esta última também pode apresentar níveis muito elevados de LDL-C, na dependência da variante genética envolvida, bem como de contribuição de outros genes que influenciem, adicionalmente, o metabolismo lipídico. O diagnóstico é baseado nos níveis de LDL-C, na presença de sinais físicos da hipercolesterolemia, na precocidade da doença coronariana no paciente ou em seus familiares e no diagnóstico genético. A doença geralmente é subdiagnosticada e subtratada, o que contribui para formas mais graves de apresentação clínica da doença aterosclerótica. Sua história natural está associada principalmente à doença coronariana prematura, em geral após a quarta década de vida, mas incidindo de forma ainda muito mais prematura na condição homozigótica, com desfechos cardiovasculares ou revascularizações nas duas primeiras décadas de vida
Familial hypercholesterolemia (FH), one of commonest genetic disorders, is characterized by a usually significant degree of hypercholesterolemia, associated with the premature development of atherosclerosis and related complications. Although the genetic basis of FH is mainly attributable to polymorphisms of the genes that encode the receptor of low-density lipoprotein (LDL), apolipoprotein B (ApoB), proprotein convertase subtilisin/kexin type 9 (PCSK9), or the LDL-receptor adaptor protein, the disorder is more commonly related to LDL receptor mutations. The disorder can be expressed as very high LDL-cholesterol levels in its homozygous (rare) form, or much more frequently but with less severity, in the heterozygous form. It can also present very high LDL-cholesterol levels, depending on the genetic variant involved, and the contribution of other genes that also influence the lipid metabolism. The diagnosis is based on LDL-cholesterol levels, the presence of physical signs of hypercholesterolemia, premature coronary heart disease in the patient or their relatives, or genetic diagnosis. The disease is usually underdiagnosed and undertreated, which contributes to more severe forms, of clinical presentation of atherosclerotic disease. Its natural history is associated mainly with premature coronary disease, usually after the fourth decade of life, or even earlier in homozygous subjects, with cardiovascular events or the need of revascularization in the first two decades of life

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