Internações por condições sensíveis à atenção primária em idosos com 80 anos ou mais em um hospital universitário do Rio Grande do Sul

Bós, Ângelo José Gonçalves; Kimura, Allan Youiti

Introdução:

A população longeva, de 80 anos ou mais, é a que mais tem crescido no Brasil. Pouco se sabe sobre os motivos e consequências das internações hospitalares nesse grupo etário e a influência do convênio de saúde sobre as mesmas. Para melhor entender o comportamento das hospitalizações destes, verificamos a frequência e consequências de Internações por Condição Sensível à Atenção Primária (ICSAP) e sua provável relação com características demográficas e convênio de saúde.

Métodos:

estudo retrospectivo com dados de internação e alta do registro eletrônico de prontuários de um Hospital Universitário de Porto Alegre em 2013 em pacientes longevos (80 anos ou mais). Foram analisados os dados de 1277 pacientes. A variável característica da hospitalização (ICSAP ou não) foi utilizada dicotomicamente para analisar as chances de ocorrência e influência das outras variáveis de interesse, através da regressão logística múltipla.

Resultados:

CSAP foram responsáveis por 669 (52,4%) das internações clínicas. Hospitalizações foram mais frequentes pelo SUS (41,5%). As ICSAP foram mais frequentes pelo IPE (55,4%). Maior e menor frequência de óbitos foram, respectivamente, do SUS (24%) e da Unimed (16%).

Conclusão:

Foram fatores preditivos para ICSAP: ser do sexo masculino, embora não significativo, faixa etária maior de 85 anos, também não significativo, e ser conveniado pelo IPE, as ICSAP foram positivamente associadas a tempo de internação mais curto e baixa mortalidade.

Fatores preditivos para óbito foram:

hospitalização pelo SUS, faixa etária maior de 95 anos e hospitalização por condições que não as ICSAP

Introduction:

The long-lived population of 80 and over is the fastest growing one in Brazil. Little is known about the reasons and consequences of hospitalizations in this age group and the influence of health insurance plans on them. To better understand the behavior of these hospitalizations, we determined the frequency and consequences of Hospitalizations for Primary Care Sensitive Conditions (HPCSC) and their probable relationship with demographic characteristics and health insurance.

Methods:

A retrospective study of hospital admissions and discharges data from electronic registration records of a university hospital of Porto Alegre in 2013 in the oldest patients (80 years or over). Data of 1277 patients were analyzed. The variable characteristic of hospitalization (HPCSC or not) was dichotomously used to analyze chances of occurrence and influence of other variables of interest through multiple logistic regression.

Results:

PCSC accounted for 669 (52.4%) clinical admissions. Hospitalizations were more frequent by SUS (41.5%). HPCSCs were more frequent by IPE (55.4%). The highest and lowest frequency of deaths were, respectively, by SUS (24%) and Unimed (16%).

Conclusion:

Predictive factors for HPCSC were: being male (although not significant), age above 85 (not significant either), and having IPE as insurance plan. PCSCs were positively associated with shorter hospital stay and lower mortality.

Predictive factors for death were:

hospitalization by SUS, age above 95 years, and hospitalization for conditions other than PCSC (AU)