Cad. saúde pública (Online); 33 (2), 2017
Publication year: 2017
Resumo:
No Brasil, há um limitado número de estudos sobre violência contra mulheres profissionais do sexo, tema que vem instigando pesquisadores em todo o mundo, estimulados principalmente por possíveis associações desta com o HIV. Este trabalho objetiva estimar a prevalência de violência contra mulheres profissionais do sexo, segundo natureza e perpetrador, e identificar os fatores associados. Foi realizado um estudo transversal com dados de 2.523 mulheres profissionais do sexo de dez cidades brasileiras, recrutadas pelo método respondent-driven sampling (RDS). Os resultados mostraram que a prevalência de violência verbal foi de 59,5%; violência física 38,1%; sexual 37,8%. Violência física por parceiro íntimo, 25,2%; por clientes, 11,7%. Dentre os fatores associados à violência física estão:
idade < 30 anos (ORa = 2,27; IC95%: 1,56-3,29); uso de drogas (ORa = 2,02; IC95%: 1,54-2,65); valor do programa até R$ 29,00 (ORa = 1,51; IC95%: 1,07-2,13). Conclui-se que as mulheres profissionais do sexo brasileiras vivenciam uma carga desproporcional de violência. Identificar fatores de vulnerabilidade é fundamental para as intervenções que garantam direitos humanos e controle do HIV.
Resumen:
En Brasil, existe un limitado número de estudios sobre violencia contra mujeres profesionales del sexo, tema que ha interesado a investigadores en todo el mundo, estimulados principalmente por posibles asociaciones de ésta con el VIH. Este trabajo tiene como meta estimar la prevalencia de violencia contra mujeres profesionales del sexo, según su naturaleza y agresor, e identificar los factores asociados. Se realizó un estudio transversal con datos de 2.523 mujeres profesionales del sexo de diez ciudades brasileñas, captadas por el método respondent-driven sampling (RDS). Los resultados mostraron que la prevalencia de violencia verbal fue de un 59,5%; violencia física 38,1%; sexual 37,8%. Violencia física por compañero un 25,2%; por clientes un 11,7%. Entre los factores asociados a la violencia física están:
edad < 30 años (ORa = 2,27; IC95%: 1,56-3,29); uso de drogas (ORa = 2,02; IC95%: 1,54-2,65); valor del programa de hasta R$ 29,00 (ORa = 1,51; IC95%: 1,07-2,13). Se concluyó que las mujeres profesionales del sexo brasileñas viven una carga desproporcional de violencia. Identificar factores de vulnerabilidad es fundamental para las intervenciones que garanticen derechos humanos y control del VIH.
Abstract:
Few studies in Brazil have focused on violence against female sex workers, a theme that has attracted researchers' attention worldwide, especially due to possible associations with HIV. The current study aims to estimate the prevalence of violence against female sex workers according to type and perpetrator and to identify associated factors. A cross-sectional study was conducted with data on 2,523 female sex workers from ten Brazilian cities, and with the respondent-driven sampling (RDS). Prevalence of verbal violence was 59.5%, physical violence 38.1%, sexual violence 37.8%, intimate partner physical violence 25.2%, and violence by clients 11.7%. Factors associated with physical violence were age < 30 years (aOR = 2.27; 95%CI: 1.56-3.29), drug use (aOR = 2.02; 95%CI: 1.54-2.65), and price of trick ≤ BRL 29.00 or USD 9.00 (aOR = 1.51; 95%CI: 1.07-2.13). In conclusion, Brazilian female sex workers suffer a disproportional burden of violence. The identification of vulnerability factors is essential for interventions to safeguard human rights and control HIV.