Uso da ventilação não invasiva em síndrome do desconforto respiratório agudo grave por inalação acidental de cloro: um relato de caso
Use of noninvasive ventilation in severe acute respiratory distress syndrome due to accidental chlorine inhalation: a case report

Rev. bras. ter. intensiva; 29 (1), 2017
Publication year: 2017

RESUMO A síndrome do desconforto respiratório agudo é caracterizada por lesão pulmonar inflamatória difusa, classificada em leve, moderada e grave. Clinicamente observam-se hipoxemia, opacidades bilaterais na imagem pulmonar e diminuição da complacência pulmonar. A sepse está entre as causas mais prevalentes (30 - 50%). Dentre as causas diretas de síndrome do desconforto respiratório agudo, a inalação de cloro é uma causa incomum, gerando, na maior parte dos casos, irritação de mucosas e vias aéreas. Apresentamos um caso de síndrome do desconforto respiratório agudo grave após inalação acidental de cloro em piscina, sendo utilizada ventilação não invasiva como tratamento com boa resposta neste caso. Classificamos como síndrome do desconforto respiratório agudo grave baseado na relação pressão parcial de oxigênio/fração inspirada de oxigênio < 100, embora a classificação de Berlin seja limitada em considerar pacientes com hipoxemia grave manejados exclusivamente com ventilação não invasiva. A taxa de falha da ventilação não invasiva nos casos de síndrome do desconforto respiratório agudo está em torno de 52%, estando associada à maior mortalidade. As possíveis complicações do uso da ventilação mecânica não invasiva com pressão positiva na síndrome do desconforto respiratório agudo seriam o atraso para a intubação orotraqueal sendo a mesma realizada em uma condição clínica pior e um alto nível de pressões de suporte, somados a esforços inspiratórios profundos, gerando elevados volumes correntes e pressões transpulmonares excessivas, que contribuem para injúria pulmonar associada à ventilação. Apesar disto, alguns estudos mostraram diminuição nas taxas de intubação orotraqueal em pacientes com síndrome do desconforto respiratório Agudo com baixos escores de gravidade, estabilidade hemodinâmica e ausência de outras disfunções orgânicas.
ABSTRACT Acute respiratory distress syndrome is characterized by diffuse inflammatory lung injury and is classified as mild, moderate, and severe. Clinically, hypoxemia, bilateral opacities in lung images, and decreased pulmonary compliance are observed. Sepsis is one of the most prevalent causes of this condition (30 - 50%). Among the direct causes of acute respiratory distress syndrome, chlorine inhalation is an uncommon cause, generating mucosal and airway irritation in most cases. We present a case of severe acute respiratory distress syndrome after accidental inhalation of chlorine in a swimming pool, with noninvasive ventilation used as a treatment with good response in this case. We classified severe acute respiratory distress syndrome based on an oxygen partial pressure/oxygen inspired fraction ratio <100, although the Berlin classification is limited in considering patients with severe hypoxemia managed exclusively with noninvasive ventilation. The failure rate of noninvasive ventilation in cases of acute respiratory distress syndrome is approximately 52% and is associated with higher mortality. The possible complications of using noninvasive positive-pressure mechanical ventilation in cases of acute respiratory distress syndrome include delays in orotracheal intubation, which is performed in cases of poor clinical condition and with high support pressure levels, and deep inspiratory efforts, generating high tidal volumes and excessive transpulmonary pressures, which contribute to ventilation-related lung injury. Despite these complications, some studies have shown a decrease in the rates of orotracheal intubation in patients with acute respiratory distress syndrome with low severity scores, hemodynamic stability, and the absence of other organ dysfunctions.

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