Sci. med. (Porto Alegre, Online); 26 (4), 2016
Publication year: 2016
OBJETIVOS:
Avaliar a compreensão das receitas de medicamentos por parte dos pacientes, comparando o autorrelato do usuário com a aferição do pesquisador.
MÉTODOS:
Um estudo transversal foi realizado no período de novembro de 2013 a fevereiro de 2014 em uma Unidade Básica de Saúde do município de Belo Horizonte, Minas Gerais. Foram entrevistados os usuários com 18 anos de idade ou mais que buscaram medicamentos na farmácia da unidade, para si ou para menores sob sua responsabilidade. A seleção da amostra foi por conveniência, não probabilística. Durante a entrevista, os usuários declaravam se haviam entendido os seguintes dados das prescrições: nome do medicamento, dose e frequência. Posteriormente, os participantes repetiam para os pesquisadores os dados das receitas, podendo consultá-las no mesmo momento. Após as entrevistas, as respostas às perguntas foram interpretadas pelos pesquisadores, que avaliaram a concordância entre as informações fornecidas pelos usuários e as reais instruções das receitas, utilizando o teste de Kappa.
RESULTADOS:
Foram coletados dados de 69 usuários da farmácia da unidade (correspondentes a 69 receitas dispensadas). Cinquenta e nove (85,5%) usuários relataram ter compreendido todos os dados das prescrições (autorrelato), enquanto segundo a aferição dos pesquisadores, foram 23 (33,3%) entrevistados que compreenderam simultaneamente todos os dados, referentes ao nome do medicamento, número de doses diárias e horário de administração. O teste de Kappa indicou um grau de concordância entre o autorrelato e a aferição dos pesquisadores de 0,138 (ligeira) considerando todos os itens da receita, sendo que especificamente sobre o número de doses a concordância foi de -0,055 (fraca).
CONCLUSÕES:
A taxa de compreensão das prescrições de medicamentos autorrelatada pelos pacientes não concordou com a avaliação dos pesquisadores, a qual indicou uma taxa de compreensão menor do que a autorrelatada. Este resultado sugere que o autorrelato dos pacientes com relação à compreensão da prescrição apresenta limitações e deve ser interpretado com cautela na pesquisa e na prática clínica. Recomenda-se que sejam aprimorados os meios de fornecer a informação ao paciente a fim de contribuir para a compreensão adequada da prescrição de medicamentos.
AIMS:
To evaluate the understanding of drug prescriptions by patients, comparing the user self-report with the researcher assessment.
METHODS:
A cross-sectional study was conducted from November 2013 to February 2014 at a Basic Health Unit in the city of Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil. Users 18 years of age or older who sought medicines in the unit's pharmacy, for themselves or for minors under their care, were interviewed. The selection of the sample was non-probabilistic, for convenience. During the interview, the users informed if they had understood the following data of the prescriptions: drug name, dose and frequency of administration. Participants then repeated the data for researchers, being allowed to check the prescriptions at the same time. After the interviews, the answers to the questions were interpreted by the researchers, who evaluated the agreement between the information provided by the users and the actual instructions of the recipes, using the Kappa test.
RESULTS:
Data were collected from 69 users of the unit's pharmacy (corresponding to 69 delivered prescriptions). Fifty-nine (85.5%) users reported having understood all the prescriptions data (self-report), while according to the measurement of the researchers, 23 (33.3%) were the respondents who simultaneously understood all data, relating to the name of the drug, number of daily doses and schedule. Kappa test indicated a degree of agreement between self-report and measurement of researchers of 0.138 (slight) considering all items of the prescription, and specifically on the number of doses the agreement was -0.055 (poor).
CONCLUSIONS:
Self-reported rate of patient's understanding of drug prescriptions was higher than the assessed by the researchers. This result suggests that self-report of patients with respect to the understanding of prescriptions has limitations and should be interpreted with caution both in research and in clinical practice. It is recommended to enhance the means of providing information to patients, in order to contribute to the proper understanding of drug prescriptions.