A prescriçäo por médicos brasileiros de fórmulas magistrais para emagrecer: uma duvidosa prática para a saúde dos pacientes
The prescription by Brazilian medicins of magistral formulas to reduce weight: a doubtful practice for the health of patients
Arq. bras. med; 68 (1), 1994
Publication year: 1994
Consultas pagas foram feitas a pesquisadores (simulando ser pacientes) que procuraram 71 médicos em Säo Paulo e 36 em Recife, visando obter uma receita para emagrecer. Em 90,5 por cento das consultas de Säo Paulo e em 58,7 por cento das de Recife aos "pacientes" foram receitadas fórmulas magistrais, sendo ainda que em 9,5 por cento das de Säo Paulo e 37,9 por cento das de Recife foram prescritos produtos comerciais acabados. Nas fórmulas magistrais de 4 a 6 drogas (53,9 por cento das receitas de Säo Paulo e 27,5 por cento em Recife) mas houve prescriçöes contendo até 17 componentes. Os agentes anorexígenos mais prescritos foram o fenproporex (58,7 por cento em Säo Paulo e 47,2 por cento em Recife) e a anfepramona ou dietilpropiona (46,0 por cento em Sä Paulo e 37,4 por cento em Recife) mas mazindol, d,1-fenifluramina e d-fenfluramina foram também receitados. Sem exceçäo as fórmulas magistrais continham também benzodiazepínicos, sendo o diazepam (28,6 por cento em Sä Paulo e 27,5 por cento em Recife) e o clordiazepóxido (25,4 por cento em Säo Paulo e 21,9 por cento em Recife) os preferidos pelos médicos prescritores de fórmulas magistrais. Agentes diuréticos, tiroidianos, com açäo sobre o aparelho gastrointestinal plantas e substâncias várias completavam a receita. Notou-se também que em 19,0 por cento das receitas de Säo Paulo e em 6,9 por cento das de Recife havia prescriçäo de duas substâncias anorexígenas e que as doses prescritas chegavam até cinco vezes a posologia recomendada internacionalmente. A maior parte dos médicos näo advertiu os pesquisadores sobre as possíveis reaçöes adversas produzidas pelas substâncias anorexígenas e benxodiazepínicas, inclusive o perigo de dependência. Conclui-se que a prática de receitar fórmulas magistrais e medicamentos acabados à base de drogas anorexígenas e benzodiazepínicas é antes um risco do que benefício para a saúde