PANORAMA DO CÂNCER EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES SOB A PERSPECTIVA DA SAÚDE COLETIVA
OVERVIEW OF CANCER AMONG CHILDREN AND ADOLESCENTS IN THE PERSPECTIVE OF COLLECTIVE HEALTH
PANORAMA DEL CÁNCER EN NIÑOS Y ADOLESCENTES POR LA PERSPECTIVA DE LA SALUD COLECTIVA

Rev. baiana saúde pública; 40 (2 (2016)), 2017
Publication year: 2017

A assistência à saúde da criança e do adolescente necessita contemplar as particularidades e características intrínsecas a essa fase da vida. Os cânceres que acometem crianças e adolescentes têm fatores de riscos e características que diferem daqueles que acometem a população adulta. No Brasil, pouco se conhece a respeito da magnitude das neoplasias no universo infanto-juvenil, bem como as características da população acometida. Objetivou-se estudar o panorama do câncer em crianças e adolescentes sob a perspectiva da Saúde Coletiva e, neste âmbito, apontar ferramentas de monitoramento; conhecer as dificuldades e percepções dos profissionais de saúde que atuam na atenção básica, em relação à suspeita e ao diagnóstico de câncer em crianças; e analisar os padrões de distribuição espacial das incidências e sobrevivências de crianças diagnosticadas com neoplasias. Para atender aos objetivos foram utilizados métodos qualitativos e quantitativos com dados obtidos em Registros de Câncer de Base Populacional e também em Grupos Focais realizados com trabalhadores da Atenção Primária à Saúde. Os resultados foram apresentados em capítulos correspondentes a três artigos. No primeiro artigo, “Câncer Infantil: Monitoramento da Informação Através dos Registros de Câncer de Base Populacional RCBP”, realizou-se uma pesquisa bibliográfica da incidência de tumores raros em menores de 20 anos, em três países. Nesta busca, identificou- -se que a primeira publicação específica sobre câncer em crianças e adolescentes no Brasil foi divulgada em 2008. As publicações do Brasil, Alemanha e Estados Unidos apresentam as informações com critérios heterogêneos, tanto em relação ao modo como a incidência é apresentada, quanto em relação à faixa etária adotada. No segundo trabalho, “Suspeita e Diagnóstico de Câncer em Crianças e Adolescentes na Atenção Primária à Saúde”, foram identificados pontos fortes e fragilidades no que concerne ao sentimento dos profissionais; à suspeita e diagnóstico na rede de cuidados primários e à relação dos profissionais e a família. Em todas as categorias de profissionais, as percepções foram negativas com demonstração de insegurança em relação ao tema na atenção básica. No terceiro estudo, “Câncer em Crianças e Adolescentes: Incidência e Sobrevivência no Município de Campinas (SP), Brasil”, os resultados apontaram taxa de incidência global para os grupos de leucemias (Grupo I); linfomas (Grupo II); tumores do sistema nervoso central (Grupo III) e sarcomas de partes moles (Grupo IX) de 54,2 por milhão, com uma incidência padronizada de 59,1 por milhão (Grupo I–28,8; Grupo II-11,6; Grupo III-7,5 e Grupo IX-4,3). Diferenças nos padrões espaciais não foram encontradas. Diferenças significativas em tempos de sobrevivência foram verificadas por grupos de diagnóstico ajustados para idade e sexo (p = 0,001). Os achados deste estudo demonstraram diferentes possibilidades de abordagem do câncer infantil utilizando o saber científico da Epidemiologia. Conclui-se que os resultados apontaram para a necessidade de uma sistematização das informações de tumores raros na infância e na adolescência, assim como uma inclusão do tema câncer infantil aos profissionais de saúde que atuam na Atenção Primária à Saúde. A utilização de metodologias epidemiológicas, como análise da incidência, uso da estatística espacial e análises de sobrevivência, contribuem para a construção do panorama do câncer infantil na Saúde Coletiva.
The health care to children and adolescents needs to contemplate the particularities and intrinsic characteristics of this phase of life. Occurrences of childhood cancer have risk factors and specific characteristics that differ from tumours in adults. In Brazil, little is known about the magnitude of childhood cancer, as well as the characteristics of the affected population. Our objective is to study cancer among children and adolescents in the perspective of Collective Health, and in this context, indicate monitoring tools; identify the difficulties and perceptions of primary health care professionals, in relation to suspicion and diagnosis of childhood cancer; and finally analyse the distribution patterns of spatial incidence and survival of children who have been diagnosed with cancer. To achieve the objectives, we used qualitative and quantitative methods with data by Population-based Cancer Registries and also in focus groups conducted with Primary Health Care workers. Results are presented in chapters corresponding to three articles. In the first article, “Childhood Cancer: Information Followed in Population-Based Cancer Registry”, we conducted a literature research of rare tumours incidence in children under 20 years in three countries. This research identified that the first specific publication regarding cancer among children and adolescents in Brazil was released in 2008. Publications from Brazil, Germany and the United States have heterogeneous criteria to present information, both in relation to how the incidence is presented and in relation to the age group adopted, being difficult to compare. In the second study, “Suspicion and Diagnosis of Cancer among Children and Adolescents in Primary Health Care”, were identified strong points and fragilities regarding the feelings of the professionals; the suspicion and diagnosis in the primary care network and the relationship between professionals and family. For all professional categories, the perceptions were negative with demonstration of insecurity in primary care. In the study, “Cancer incidence and survival among children and adolescents in Campinas (SP), Brazil”, the results showed overall crude incidence rate for leukaemia (Group I); lymphomas (Group II); CNS neoplasms (Group III), and soft tissue sarcomas (Group IX) was 54.2 per million and standardized incidence rates was 59.1 (Group I-28.8, Group II-11.6, Group III-7.5 and Group IX-4.3). Spatial differences were not found. Significant differences in survival times were found by diagnostic Groups adjusted for age and sex (p = 0.001). The results of this study show different possibilities to the approach of childhood cancer based on Epidemiology scientific knowledge. The results indicate the need of systematization of the information on rare tumours in childhood, as well as the introduction of the theme to health primary health care professionals. The use of epidemiological methods such as analysis of incidence, use of spatial statistics and survival analyses contributes to the construction of the panorama of childhood cancer in Collective Health.
La atención de salud a los niños y adolescentes debe contemplar las particularidades y características intrínsecas de esta etapa de la vida. Los cánceres que afectan a los niños y adolescentes tienen factores de riesgo y características que difieren de aquellas que afectan a la población adulta. En Brasil, se sabe muy poco acerca de la magnitud de las neoplasias en el universo juvenil, así como las características de la población afectada. El objetivo es estudiar el panorama de cáncer en niños y adolescentes, bajo la perspectiva de la Salud Colectiva, y en este contexto, señalando las herramientas de monitorización; conocer las dificultades y las percepciones de los profesionales de salud que trabajan en cuidados básicos en relación con la sospecha y el diagnóstico de cáncer en niños; y analizar los patrones de distribución espacial de las incidencias y de supervivencia de los niños diagnosticados con neoplasias. Para cumplir los objetivos, se utilizaron métodos cualitativos y cuantitativos con los datos obtenidos en los registros de cáncer de base poblacional y también en Grupos Focales realizados con los trabajadores de la Atención Primaria de la Salud. Los resultados fueron presentados en capítulos correspondientes a tres artículos. En el primer artículo, “El cáncer infantil: monitorización de la información a través de los registros de cáncer poblacionales RCBP”, se realizó una investigación bibliográfica de la incidencia de tumores poco frecuentes en niños menores de 20 años, en tres países. Esta búsqueda identificó que la primera publicación específica acerca de cáncer en niños y adolescentes en Brasil fue divulgada en 2008. Las publicaciones de Brasil, Alemania y de los Estados Unidos tienen la información con criterios heterogéneos, tanto en relación a cómo se presenta la incidencia, así como en relación con el grupo de edad adoptado. En el segundo estudio, “La sospecha y el diagnóstico de cáncer en niños y adolescentes en la Atención Primaria de Salud”, se identificaron puntos fuertes y debilidades en cuanto a los sentimientos de los profesionales; la sospecha y el diagnóstico en la red de atención primaria y la relación de los profesionales y de la familia. En todas las categorías de los profesionales, las percepciones fueron negativas con demostración de inseguridad en relación con el tema en la atención primaria. En el tercer estudio, “El cáncer en niños y adolescentes: incidencia y supervivencia en el municipio de Campinas (SP), Brasil”, los resultados señalaron que la tasa de incidencia global para los grupos de leucemia (Grupo I); linfomas (Grupo II); tumores del Sistema Nervioso Central (Grupo III) y sarcomas de tejidos blandos (Grupo IX) fue de 54,2 por millón, con una incidencia estandarizada de 59,1 por millón (Grupo I-28,8; Grupo II-11,6; Grupo III-7.5 y Grupo IX-4,3). Diferencias en los patrones espaciales no se encontraron. Diferencias significativas en los tiempos de supervivencia fueron verificadas por grupos de diagnóstico ajustados por edad y género (p=0,001). Los resultados de este estudio han demostrado diferentes posibilidades de enfoque del cáncer infantil utilizando el conocimiento científico de la Epidemiología. Concluyese que los resultados indican la necesidad de una presentación sistemática de la información de tumores poco frecuentes en la infancia y la adolescencia, así como una inclusión del tema del cáncer infantil para profesionales de la salud que trabajan en la Atención Primaria de la Salud. El uso de metodologías epidemiológicas como el análisis de incidencia, el uso de la estadística espacial y el análisis de supervivencia, contribuyen a la construcción del panorama de cáncer infantil en la Salud Colectiva.

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