Desde 1980 vários casos de ceratite por Acanthamoeba têm sido diagnóstico e, ao contrário dos primeiros relatos onde o fator desencadeante era o trauma, atualmente a quase totalidade dos casos relaciona-se com o uso de lentes de contacto. Estudos têm sido desenvolvidos para esclarecer o envolvimento destas lentes na fisiopatologia da ceratite por Acanthamoeba. Dentre estes, a avaliaçäo dos diferentes sistemas de desinfecçäo empregados na sua manutençäo, aponta como um assunto contoverso e de interesse cientifico, uma vez que, um grande número de espécies e cepas estäo envolvidas, apresentando, cada uma delas, um comportamento diferente, em relaçäo a estes sistemas. Este estudo teve por objetivo testar a susceptibilidade de cinco diferentes espécies de Acanthomoeba, A. Astronyxis, A. Polyphaga, A. castellani, A. Cellbertsoni e Acanthamoeba sp a um sistema de desinfecçäo térmica química (Hidrocare e Flex-care). Dois experimentos foram realizados. No primeiro, lentes de contato gelatinosas foram contaminadas com as diferentes espécies do protozoário e em seguida submetidas a desinfecçäo e cultivo. No segundo, cistos e trofozoítos das mesmas espécies foram expostos diretamente aos sistemas de desinfecçäo, sendo posteriormente lavados, com o objetivo de eliminar a soluçäo química eventualmente presentes na superfície da ameba. O controle foi defínido pelo aparecimento de forma trofozoíticas. A desinfecçäo térmica mostrou-se efetiva em 100% dos testes realizados com as cinco diferentes espécies de Acanthamoeba avaliadas. A culbertsoni resistiu a desinfecçäo química com Flexcare, sendo susceptível ao Hidrocare, e Acanthomoeba sp resistiu aos dois compostos testados. O estudo permitiu concluir que, dos métodos testados, a desinfecçäo térmica é a única totalmente efetiva para a desinfecçäo de lentes de contacto gelatinosas contaminadas com Acanthamoeba