A função subjetivante do ritmo em um contexto de atendimento psicanalítico
The subjectfying role of rhythm in a psychoanalytical setting
Rev. Bras. Psicoter. (Online); 19 (2), 2017
Publication year: 2017
Neste trabalho, as autoras abordam a função subjetivante do ritmo na constituição psíquica a partir da teoria da intersubjetividade, valendo-se, principalmente, das contribuições do psicanalista Victor Guerra. Partimos de um caso atendido no contexto de um tratamento psicoterápico em grupo para crianças, ancorado na teoria psicanalítica. Discute-se o papel do ritmo co-criado com o paciente no processo de subjetivação. Entende-se a trama rítmica como um embalar seguro que regula as experiências. Priorizamos para discussão a face do ritmo que compreende as variações de presença e ausência do objeto. Consideramos que a dimensão delimitante do ritmo tem grande valor na criação dos contornos do self, numa crescente diferenciação eu/não-eu e na construção de um espaço interno para representar. Para que tenham tal efeito subjetivante, contudo, os momentos que denunciam a descontinuidade devem estar inseridos em certa previsibilidade rítmica, em que as ausências podem ser antecipadas e cuja duração varie conforme a capacidade da criança de tolerá-las. Deste modo, ressalta-se que o ritmo só será terapêutico se puder ser co-criado com o paciente, em uma ritmicidade conjunta.(AU)
In this paper, the authors approach the subjectfying role rhythm plays in the psychic constitution as understood by the intersubjectivity theory, mainly psychoanalyst Victor Guerra's contributions in this regard. We discuss a clinical case of a child in a group psychoanalytic-based psychotherapy to better analyze the role of a shared rhythmicity in the therapeutic setting. We understand rhythm as a tread that "holds" safely the subject and regulates how they experience different interactions with others. We discuss primarily the variation between presence and absence of the rhythm, since we consider that it plays an important delimiting function in the constituting of internal and external boundaries of the self, helping in the differentiation between self and others and in the ability to represent. To play such subjectfying function, however, the moments that show a discontinuity between self and environment must be introduced in a foreseeable rhythm, with absences that can be anticipated and that only last as long as the child can tolerate them. Finally, we consider that rhythm can be used therapeutically if created with the pacient, in an experience of a shared rhythmicity.(AU)