ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS, CLÍNICOS E EVOLUTIVOS DA TUBERCULOSE EM IDOSOS DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE BELÉM, PARÁ

Chaves, Emanuele Cordeiro; Carneiro, Irna Carla do Rosário Souza; Santos, Maria Izabel Penha de Oliveira

As alterações fisiológicas, principalmente as imunológicas, tornam o idoso mais vulnerável a infecções, como a tuberculose, doença que, nesse grupo, apresenta especificidade tanto em sua apresentação clínica quanto no seu manejo terapêutico. O objetivo consistiu em avaliar os aspectos epidemiológicos, clínicos e evolutivos da tuberculose em idosos em um Hospital Universitário de Belém, Pará, Brasil. Trata-se de um estudo do tipo coorte retrospectivo, realizado no Hospital Universitário João de Barros Barreto, onde foram analisados 82 prontuários de casos de tuberculose em idosos diagnosticados no período de 2009 a 2013. Como forma complementar de obtenção de informações, foi consultado o banco de dados do Sistema Nacional de Agravos de Notificação da Secretaria de Estado de Saúde Pública. Para a análise estatística, utilizou-se o programa eletrônico Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 22.0, e aplicou-se o Teste G, admitindo-se nível α = 0,05 (5%) e valor de P ≤ 0,05. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Núcleo de Medicina Tropical sob Parecer n. 1.081.347. A maioria dos idosos era do sexo masculino (n = 53; 64,6%), com faixa etária de 60-69 anos, tanto entre os homens (n = 34; 64,2%) quanto entre as mulheres (n = 13; 44,8%), sendo essa diferença estatisticamente significativa (p = 0,009), casos novos de tuberculose (n = 78; 95,1%), apresentando forma clínica pulmonar (n=62; 75,6%), agravos associados (n = 57; 69,5%) e tempo de internação superior a 21 dias (n = 38; 46,3%). Febre (n = 55; 67,1%), dispneia (n = 53; 64,6%), emagrecimento (n = 50; 61,0%), tosse produtiva (n = 49; 59,8%) e dor torácica (n = 42; 51,2%) foram os principais sinais e sintomas evidenciados. Em relação ao tratamento, houve elevado percentual de reações adversas (n = 41; 50%), destacando-se as manifestações gastrointestinais (n = 29; 70,7%). A maioria dos idosos evoluiu com cura (n = 49; 59,8%), contudo ressalta-se que o óbito por tuberculose foi considerável no grupo estudado (n = 13; 15,9%), ocorrendo principalmente no período de internação até 7 dias. Na relação das variáveis de exposição com o desfecho, verifica-se que a cura ocorreu mais frequentemente nos idosos da faixa etária de 60-69 anos, enquanto que o óbito entre os que tinham 70-79 anos, havendo significância estatística nessa relação (p = 0,017). Pacientes que evoluíram a óbito por tuberculose apresentaram menor tempo de internação (≤ 7 dias; p = 0,000) e reação adversa (p = 0,018). Concluiu-se que a apresentação clínica e o manejo terapêutico da tuberculose no idoso são diferenciados, por isso faz-se necessário o fortalecimento de estratégias que propiciem a identificação precoce dos idosos suspeitos de tuberculose na comunidade, o que deve ocorrer principalmente por meio da Atenção Básica.

Physiological changes, especially immunological, make the elderly vulnerable to infections such as tuberculosis, a disease that has specificities both in clinical presentation and in its therapeutic management for this group. The objective was to evaluate the epidemiological, clinical and evolutionary aspects of tuberculosis in elderly patients at an university hospital in Belém - Pará. It is a retrospective cohort study, conducted at the University Hospital João de Barros Barreto, where 82 records of tuberculosis cases in elderly patients diagnosed from 2009 to 2013 were analyzed. As a complementary source of information the database of the National System for Notifiable Diseases of the State Department of Public Health was consulted. For statistical analysis we used the electronic program Statistical Package for Social Sciences (SPSS) version 22.0, and applied the test G, assuming level α = 0,05 (5%) and value P≤0,05. The study was approved by the Research Ethics Committee of the Tropical Medicine Center under the Opinion No. 1.081.347. Most elderly were male (n = 53; 64,6%), aged 60-69 years, both among men (n = 34; 64,2%) and among women (n = 13; 44,8%), with a statistically significant difference (p = 0,009), new cases of tuberculosis (n = 78; 95,1%), with pulmonary clinical form (n = 62; 75,6%), associated diseases (n = 57; 69,5%) and length of stay greater than 21 days (n = 38; 46,3%). Fever (n = 55; 67,1%), dyspnea (n = 53; 64,6%), weight loss (n = 50; 61,0%), productive cough (n = 49; 59,8%) and chest pain (n = 42; 51,2%) were the primary signs and symptoms evidenced. Regarding treatment, there was a high percentage of adverse events (n = 41; 50%), especially gastrointestinal symptoms (n = 29; 70,7%). Most seniors evolved with cure (n = 49; 59,8%), but emphasizes that death from tuberculosis was considerable in the study group (n = 13; 15,9%), mainly occurring during hospitalizations up to 7 days. In respect of the exposure variables with the outcome it turns out that healing occurred more often in the elderly age group of 60-69 years, while death among those who had 70-79 years, with statistical significance in this relationship (p = 0,017). Patients who progressed to death by tuberculosis had shorter hospital stays (≤ 7 days; p = 0,000) and adverse reactions (p = 0,018). We conclude that the clinical presentation and therapeutic management of tuberculosis in the elderly is different, so it is necessary to strengthen strategies that facilitate early identification of elderly TB suspects in the community, which should take place mainly through Primary Care.

Keywords:

Aged. Tuberculosis. Diagnosis. Drug therapy.

Los cambios fisiológicos, especialmente en el sistema inmune, hacen los ancianos más vulnerables a infecciones como la tuberculosis, una enfermedad que, en este grupo, tiene especificidades tanto en la presentación clínica y en su manejo terapéutico. El objetivo fue evaluar los aspectos epidemiológicos, clínicos y evolutivos de la tuberculosis en pacientes de edad avanzada en un hospital universitario en Belem -. Pará. Es un estudio de un estudio de cohorte retrospectivo, realizado en el Hospital Universitario de João de Barros Barreto, donde se analizaron 82 registros médicos de los casos de tuberculosis en pacientes ancianos diagnosticados desde 2009 hasta 2013, y como una forma complementaria para la obtención de informaciones fue consultada la base de datos del Sistema Nacional de Enfermedades de Declaración del Departamento de Salud Pública del Estado. Para el análisis estadístico se utilizó el programa electrónico de Paquete Estadístico para Ciencias Sociales (SPSS) versión 22.0, y se aplicó la prueba de G, suponiendo que el nivel α = 0,05 (5%) y el valor P≤0, 05. El estudio fue aprobado por el Comité de Ética e Investigación del Núcleo de Medicina Tropical bajo el Parecer Nº 1.081.347. La mayoría eran hombres de edad avanzada (n = 53; 64,6%), de 60-69 años, tanto entre los hombres (n = 34; 64,2%) y entre las mujeres (n = 13; 44,8%), Revista Baiana de Saúde Públicav. 40, n. 3, p. 808-811 jul./set. 2016811con una diferencia estadísticamente significativa (p = 0,009), los nuevos casos de tuberculosis (n = 78; 95,1%), con forma clínica pulmonar (n = 62; 75,6%), las enfermedades asociadas (n = 57; 69,5%) y la duración de la internación hospitalaria superior a 21 días (n = 38; 46,3%). fiebre (n = 55; 67,1%), disnea (n = 53; 64,6%), pérdida de peso (n = 50; 61,0%), tos productiva (n = 49; 59,8%) y dolor en el pecho (n = 42; 51,2%) fueron los principales signos y síntomas evidenciados. Con respecto al tratamiento, hubo un alto porcentaje de eventos adversos (n = 41; 50%), síntomas gastrointestinales especialmente (n = 29; 70,7%). La mayoría de los ancianos evolucionaron con el curación (n = 49; 59,8%), pero hay que resaltar que la muerte por tuberculosis fue considerable en el grupo de estudio (n = 13; 15,9%), ocurriendo principalmente durante el período de hospitalización hasta 7 días. Con respecto a las variables de exposición con el resultado, verificase que se produjo la curación con más frecuencia en el grupo de edad de personas mayores de 60-69 años, mientras la muerte entre los que tenían 70-79 años, con significación estadística en esta relación (p = 0,017). Los pacientes que progresaron a muerte por tuberculosis tuvieron internaciones hospitalarias más cortas en el hospital (≤ 7 días; p = 0,000) y reacciones adversas (p = 0,018). Llegamos a la conclusión de que la presentación clínica y el manejo terapéutico de la tuberculosis en ancianos es diferente, por lo que es necesario fortalecer estrategias que faciliten la identificación temprana de los ancianos sospechosos de tuberculosis en la comunidad, que debe llevarse a cabo principalmente a través de Atención Primaria a la Salud.