Reflexões Sobre a Contemporaneidade
Reflections On The Contemporaneity

Rev. psicol. (Fortaleza, Online); 3 (2), 2012
Publication year: 2012

Partindo da análise que Freud faz das consequências da inserção cultural do Homem e das consequências por sobre ele do processo civilizatório e de Lacan sobre o lugar ocupado pela função simbólica do pai na citada inserção, a autora se debruça criticamente sobre problemas cruciais à subjetividade dos sujeitos de nosso tempo. Argumenta que os discursos que dão forma ao eu do homem contemporâneo têm como ponto de convergência privilegiar o gozo e não o desejo. Isto se articula, diretamente, com o enfraquecimento da função simbólica do pai (Nome-do-pai), produzindo como efeito, ao nível do imaginário, a figura de um pai impotente. Conclui que, na contemporaneidade, o sujeito, colocado no lugar de objeto, é reduzido a uma imagem pelos discursos da publicidade, da política, da universidade e da ciência. Segundo ela, estariámos, ainda, vivendo a ditadura das práticas médicas, o imperialismo das técnicas e dos números. Diante disso, o corpo, apartado do sujeito, é abordado como uma máquina de funcionamento automático que enguiça e precisa ser consertada. A estratégia fetichista visa não só o exílio dos homens, mas também o fechamento de suas bocas e seus ouvidos. Nessa direção, parafraseando Fernando Pessoa, a autora assim sintetiza a ideologia – subjetividade – de nosso tempo: Dizer não é preciso. Desejar não é preciso. Gozar é preciso.
Based on Freud’s analysis about the consequences of the cultural insertion of Man and of the consequences upon him by the civilizing process and Lacan’s on the place occupied by the symbolic function of the father in the aforementioned insertion, the author focuses critically on crucial issues to the subjectivity of the subjects in our time. It is argued that the discourses that shape the contemporary man have as a focal point to privilege the enjoyment and not the desire. This articulates directly with the weakening of the symbolic function of the father (Name of the Father), producing as an effect at the level of the imaginary, the figure of a helpless father. The author concludes that in contemporary times, the subject, if substituted by the object, is reduced to an image by the discourses of advertising, politics, university and science. According to this, we would be still living the dictatorship of medical practices, imperialism of techniques and of numbers. Thus, the body, apart from the subject is approached as an automatic machine that breaks down and needs to be fixed. The fetishistic strategy aims not only the exile of men, but also the closing of their mouths and ears. In this direction, paraphrasing Fernando Pessoa, the author thus summarizes the ideology - subjectivity - of our time: To talk is not necessary. To whish is not necessary. To enjoy is necessary.

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