Rev. méd. Minas Gerais; 22 (supl. 4), 2012
Publication year: 2012
Justificativa e objetivos:
a espondilite anquilosante é uma espondiloartropatia soronegativa
que se caracteriza pelo comprometimento progressivo das articulações sacroilíacas
e vertebrais, de forma ascendente e com eventual ossificação dessas articulações, em
um processo denominado anquilose óssea. Por acometer a bacia óssea, é uma condição
extremamente desfavorável no contexto obstétrico, apesar de ser uma das poucas condições
reumatológicas que predominam em homens e sua incidência maior acontece no
final da adolescência. Suas implicações no manejo anestesiológico levam em conta uma
série de variáveis que podem comprometer o ato anestésico-cirúrgico e, portanto, é de
suma importância que o anestesiologista esteja preparado para eventuais dificuldades.
O escopo deste trabalho é apresentar a conduta anestésica em relação ao paciente com
espondilite anquilosante que, no caso relatado, foi submetida a uma cesariana eletiva.
Relato do caso:
paciente do sexo feminino, 40 anos, 73 kg, com idade gestacional de 38
semanas, portadora de hipertensão arterial crônica e espondilopatia anquilosante em
fase avançada, encaminhada à maternidade para a realização de procedimento cirúrgico
de cesariana eletiva. Após várias tentativas de bloqueio subaracnóideo sem sucesso,
optou-se por anestesia geral balanceada na qual a intubação orotraqueal não foi possível,
sendo então introduzida máscara laríngea e realizada ventilação mecânica com sucesso.
Conclusões:
no caso apresentado, em que existe espondilite anquilosante avançada, a
anestesia geral deveria ser primeira opção, pois se pode perder muito tempo tentando
realizar bloqueios do neuroeixo ou estes podem ser até impossíveis de serem realizados.
Por outro lado, deve-se levar em conta a posssibilidade de dificuldade de intubação orotraqueal
e ter todos os dispositivos adequados para uma intubação difícil.(AU)
Justification and objectives:
Ankylosing spondylitis is a seronegative spondyloarthropathy
that progressively compromises the sacroiliac and vertebral articulations in an ascending
way and with eventual ossification of the articulations, a process known as osseous ankylosis.
Because it affects the pelvis, the disorder has extremely unfavorable obstetric conditions,
even though this is one of the few rheumatologic conditions that prevails among men and
has higher incidence in late adolescence. Its complications for anesthesia include a number
of variables that can compromise the anesthetic and surgical procedure, and therefore anesthesiologists
are supposed to be well prepared for eventual difficulties. This paper reports
on the anesthetic procedures for an elective cesarean delivery by a patient with ankylosing
spondylitis. Case report:
A 40 year-old female patient, with 73 kg, gestational age of 38
weeks, carrier of chronic arterial hypertension and ankylosing spondylitis in advanced stage
was admitted to maternity for elective cesarean delivery. After several unsuccessful attempts
of applying subarachnoid block, the patient received balanced general anesthesia; as orotracheal
intubation was not possible, a laryngeal mask was introduced and ventilation was successfully provided mechanically. Conclusions:
as in the
case herein reported, patients with advanced ankylosing
spondylitis should be provided with general anesthesia
as first option of choice, as much time may be lost in
unsuccessful attempts of blocking the neuroaxis. However,
practitioners must be aware of the possible difficulty of
performing orotracheal intubation, and thus assure that
adequate devices are in place for cases of hard intubation.