Publication year: 2017
INTRODUÇÃO:
O nutricionista tem papel estratégico no âmbito
da Atenção Primária em Saúde (APS), o que justifica a incor
-
poração das ações de alimentação e nutrição nesse nível de
assistência, especialmente pós criação dos Núcleos de Apoio
à Saúde da Família. Entretanto, considerando a formação
biomédica histórica dos cursos da saúde, questiona-se se os
profissionais de nutrição têm recebido formação condizente
com os princípios que norteiam a APS. Isto porque é consen
-
sual a incapacidade de adequação das instituições formadoras
à velocidade com que são demandados novos perfis profis
-
sionais, tanto no referencial para atuação técnica específica
quanto na introdução de concepções pedagógicas que desen-
volvam habilidades para apreensão e aplicação crítica dessas
novas técnicas1. Apesar de garantido constitucionalmente, o
Sistema Único de Saúde (SUS) enquanto ordenador de recur-
sos humanos na área de saúde ainda se restringe à dimensão
teórica. E é nesse desafio que se insere a formação de profis
-
sionais de nutrição adequados às necessidades do sistema de
saúde2. OBJETIVOS:
Analisar a formação de nível superior de nu
-
tricionistas ofertada pelos cursos de graduação do País para
identificar as adequações às necessidades do SUS. MATERIAL E MÉTODO:
Trata-se de estudo exploratório realizado por meio de sur-
vey telefônico com coordenadores de cursos de graduação
em nutrição por meio da técnica de Entrevistas Telefônicas
Assistidas por Computador (ETAC), entre dezembro de 2015
e junho de 2016. Foi elaborado questionário semiestruturado,
com 32 questões, subdivididas em quatro blocos: caracteriza
-
ção da instituição de ensino e do respondente; caracteriza
-
ção dos alunos e corpo docente; Projeto Político Pedagógico
(PPP); e perfil de competências do egresso. O universo da pes-
quisa correspondeu a 372 cursos de graduação de nutrição do
Brasil no ano de 2013, segundo Censo da Educação Superior
do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (INEP). O cálculo amostral, que considerou
90% de nível de confiança e 6% de margem de erro, resultou
em 125 cursos. Com base na amostra, conseguiu-se realizar a
entrevista com 61% da amostra calculada (n=76). RESULTADOS:
e Discussão Dos 76 cursos entrevistados, a maior parte é de
natureza jurídica privada (68,4%), e concentrada na região
Sudeste (36,8%). Em relação aos coordenadores, 92,1% são
mulheres; com prevalência de mestres e doutores (90,6%).
Com relação às vagas ofertadas anualmente pelos cursos,
a média de preenchimento é de 81,5%. Em relação ao PPP, a
maior parte (51,3%) foi atualizado no período 2015-2016. Apon
-
tou-se a atenção hospitalar e a especializada como as áreas
de atuação profissional de maior ênfase durante a formação.
A menor ênfase foi creditada à docência. A organização curri-
cular se dá por disciplinas em 92,0% dos cursos. Os locais mais
utilizados para realização de aulas práticas e estágios são as
unidade
s de atenção primária e os hospitais. Os menos refe
-
ridos foram os dispositivo
s de saúde mental. Em se tratando
do perfil de competências dos egressos, as mais trabalha
-
das durante a formação são: avaliação nutricional da criança
(100%), gestante (98,7%) e idoso (96,1%) e ações de promoção
da saúde (97,4%). Já as ações menos referidas foram:
atendi
-
mento de urgência e emergência (19,7%), orientação de saúde
bucal (27,6%) e avaliação nutricional de pacientes psiquiátricos
(40,8%). CONCLUSÕES:
A APS tem se torna
-
do, nos últimos anos, um dos níveis de atenção em franca ex-
pansão para atuação de nutricionistas. Isso se deve à aposta
na APS enquanto reordenadora do SUS. Apesar disso, nota-
se ainda um descompasso entre a necessidade de formação
para esse nível de atenção e a ênfase dada pelos currículos
de graduação ao cenário hospitalar. Faz-se necessário maior
potencialidade teórica no que diz respeito à atuação dos nu
-
tricionistas no âmbito da APS, e o fortalecimento dos cenários
de prática nesse nível de atenção, especialmente no que se re
-
fere aos NASF. Referências 1-PIERANTONI, C.R et al. Avaliação
do curso de atualização em gestão municipal na área de saú
-
de: uma proposta de metodologia. Observatório de Recursos
Humanos em Saúde no Brasil:
Estudos e Análises. / André Fal-
cão (org.) et. al. Rio de Janeiro:
Fiocruz, 2003. 2- CAMPOS, F.E
et al. Caminhos para aproximar a formação de profissionais de
saúde das necessidades da atenção básica. REBEM. v.25. n.2.
Rio de Janeiro:
2001.