Rev. bras. cardiol. invasiva; 24 (1-4), 2016
Publication year: 2016
Introdução:
Embora a pré-dilatação durante a intervenção coronária percutânea primária confira maior
previsibilidade ao implante do stent, ela associa-se a complicações que podem influenciar negativamente
em seus resultados imediatos e tardios. O objetivo deste estudo foi caracterizar os procedimentos com
necessidade de pré-dilatação, comparando-os àqueles realizados pelo implante direto de stent.
Métodos:
Foram analisadas as intervenções coronárias percutâneas primárias cadastradas na Central
Nacional de Intervenções Cardiovasculares (CENIC) durante o período de 2006 a 2016, tendo sido
caracterizados os perfis clínico e angiográfico dos procedimentos efetivados com ou sem pré-dilatação,
aferição de desfechos hospitalares e preditores de mortalidade.
Resultados:
A amostra foi composta por 17.515 pacientes. Aqueles submetidos à pré-dilatação
diferiram do grupo stent direto, quanto às características clínicas, com maior prevalência de idosos,
mulheres e comorbidades associadas. No primeiro, as taxas de lesões calcificadas, bifurcações,
oclusões e coronariopatia multiarterial foram maiores. Também foram maiores as taxas de insucesso
da intervenção entre pacientes submetidos à pré-dilatação e de eventos cardíacos adversos maiores.
No modelo de regressão logística múltipla, a necessidade de pré-dilatação correlacionou-se com a
ocorrência de óbito hospitalar.
Conclusões:
A intervenção coronária percutânea primária com necessidade de pré-dilatação caracterizouse
pela maior prevalência de comorbidades clínicas entre os pacientes e pela complexidade angiográfica
e técnica dos procedimentos. A pré-dilatação constituiu-se em variável preditora independente de
mortalidade hospitalar neste cenário clínico
Background:
Although predilation during primary percutaneous coronary intervention offers greater
predictability for stent implantation, it is associated with complications that may negatively influence
immediate and late outcomes. The objective of this study was to characterize procedures requiring predilation,
comparing them to those performed by direct stent implantation.
Methods:
Primary percutaneous coronary interventions registered at the Central Nacional de Intervenções
Cardiovasculares (CENIC) from 2006 to 2016 were analyzed. The clinical and angiographic profiles of the
procedures performed with or without predilation, hospital outcome measures, and predictors of mortality
were characterized.
Results:
The sample consisted of 17,515 patients. Those who underwent predilation differed from the direct
stent implantation group regarding clinical characteristics, with a higher prevalence of elderly, women,
and associated comorbidities. In the first group, the rates of calcified lesions, bifurcations, occlusions, and
multivessel coronary disease were higher. Intervention failure rates were also higher in patients undergoing predilation, as well as the rates of major adverse cardiac events. In the multiple logistic regression model, the
need for predilation was correlated with the occurrence of hospital death.
Conclusions:
Primary percutaneous coronary intervention requiring predilation was characterized by a
higher prevalence of clinical comorbidities and by angiographic and technical complexity of the procedures.
Predilation is an independent predictor of hospital mortality in this clinical setting