Hipertensão arterial no tratamento do câncer
Hypertension in cancer treatment

Rev. Soc. Cardiol. Estado de Säo Paulo; 27 (4), 2017
Publication year: 2017

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma condição clínica multifatorial caracterizada por elevação sustentada dos níveis pressóricos. No Brasil, a hipertensão arterial atinge 32,5% (36 milhões) de indivíduos adultos, mais de 60% idosos, contribuindo direta ou indiretamente para 50% das mortes por doença cardiovascular. A HAS é uma das comorbidades mais frequentemente observadas em pacientes com câncer. Algumas drogas são diretamente relacionadas ao desenvolvimento ou piora da HAS como os agentes alquilantes e os inibidores do fator de crescimento endotelial. O controle adequado dos níveis de pressão arterial (PA) em pacientes com câncer visa aumentar a tolerância dos doentes à quimioterapia, reduzir a incidência de lesões em órgãos-alvo e, em última análise, reduzir a mortalidade geral. A PA deve ser aferida semanalmente durante o primeiro ciclo e a cada duas a três semanas após. O diagnóstico e tratamento da HAS devem seguir as recomendações atuais da 7aDiretriz Brasileira de Hipertensão e, quando possível, realizados antes do tratamento oncológico. Os IECA e BRA são anti-hipertensivos usados com maior frequência para o tratamento da HAS associada aos inibidores de fator de crescimento endotelial (iVEGF). Os bloqueadores de canal de cálcio não diidropiridínicos, como o verapamil e o diltiazem, são contraindicados com o uso concomitante de iVEGF. A descontinuação definitiva deve ser o último recurso. Os oncologistas e cardiologistas devem desenvolver abordagens em conjunto para manejar a HAS de forma eficaz e segura, com objetivo de manter o benefício do tratamento oncológico e de diminuir a morbidade e mortalidade cardiovascular
Systemic arterial hypertension (SAH) is a multifactorial condition, characterized by a sustained elevation in blood pressure. In Brazil, arterial hypertension affects 32.5% (36 million) adult individuals, more of 60% of whom are elderly, directly or indirectly contributing to 50% of deaths due to cardiovascular disease. SAH is one of the most commonly observed comorbidities in people with cancer. Some drugs are directly related to the development or worsening of SAH, such as alkylating agents and endothelial growth factor inhibitors. Adequate control of blood pressure (BP) in patients with cancer aims to increase patients’ tolerance to chemotherapy, reduce the incidence of target organ damage and, ultimately, reduce overall mortality. BP must be measured every week in the first cycle and every two-three weeks after. The diagnosis and treatment of SAH should follow the current recommendations of the VII Brazilian Guideline on Hypertension, and where possible, should be performed before the oncological treatment. ACE inhibitors and ARBs are the most commonly used antihypertensive drugs for the treatment of SAH associated with vascular endothelial growth factor inhibitors (VEGFI). Non-dihydropyridine calcium channel blockers, such as Verapamil and Diltiazem, are contraindicated with the concomitant use of VEGFI. Definitive suspension should be the final resort. Oncologists and cardiologists must develop joint approaches to manage the SAH effectively and safely, with the objective of maintaining the benefit of the oncological treatment and reducing cardiovascular morbidity and mortality

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