Perfil dos usuários de crack na mídia brasileira: análise de um jornal e duas revistas de edição nacional
Profile of crack users in the Brazilian media: analysis of a national newspaper and two magazines

Physis (Rio J.); 27 (3), 2017
Publication year: 2017

Resumo Este artigo é uma pesquisa documental com abordagem qualitativa, resultado de uma tese de doutorado, que buscou analisar o perfil dos usuários de crack apresentado por reportagens de um jornal e duas revistas de edição nacional, nos últimos cinco anos. O material encontrado foi submetido à análise textual discursiva. Para acessar o objeto de estudo, nossa base teórica contou com os autores Michel Foucault, Erwin Goffman, Howard Becker e John Thompson, buscando desnaturalizar as maneiras como os discursos sobre os usuários de crack são colocados pela mídia. Os resultados evidenciaram que o discurso veiculado pelos meios de comunicação estudados constrói no senso comum um perfil negativo sobre o usuário de crack, permeado por preconceito e estigma. As reportagens são transmitidas de forma sensacionalista e higienista, dando ênfase ao enfrentamento aos usuários e não somente à droga em si. Conclui que o discurso apresentado é capaz de materializar as representações da classe dominante sobre os usuários de crack e de refletir na forma em que a sociedade convive com eles. Entende-se como classe dominante aquela representada pelo modelo biomédico de cuidado em saúde mental.
Abstract This article is a documentary research with qualitative approach, resulting from a doctoral thesis, which sought to analyze the profile of users of crack presented by newspaper reports and two national edition magazines in the last five years. The material found was submitted to discursive textual analysis. In order to access the study object, our theoretical base was based on Michel Foucault, Erwin Goffman, Howard Becker and John Thompson, seeking to denature the ways in which discourses about crack users are placed by the media. The results showed that the discourse conveyed by the media studied builds a negative profile on the crack user, permeated by prejudice and stigma. The reports are sensationalist and hygienist, emphasizing the confrontation with the users and not only the drug itself. It concludes that the presented discourse is capable of materializing the representations of the ruling class over crack users and of reflecting on the way in which society lives with them. One considers dominant class the one represented by the biomedical model of mental health care.

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