Rev. Assoc. Med. Bras. (1992); 63 (9), 2017
Publication year: 2017
Summary Introduction:
Becoming a medical doctor is a very complex process. Factors related to the student's personality, the educational process and the daily experience with death contribute to peculiar psycho-emotional experiences, not always properly investigated during medical training. Objective:
To estimate the prevalence of common mental disorders (CMD) and associated factors, over six years of medical undergraduate course among all students of a class at a public university in Brazil. Method:
Cross-sectional study based on repeated surveys. All 40 students enrolled in 2006 in the first year of our medical school were included and evaluated annually until 2011 using the SRQ-20 and a structured questionnaire prepared by the authors on sociodemographic, personal and educational aspects. We performed logistic regression and correspondence analysis. Results:
The 40 freshmen in the first evaluation had a mean age of 20 years (SD=2.4), 57.5% were female, and 41% were approved after taking their third entrance exam. The prevalence of CMD increased over the years:
from 12.5% in the first year to 43.2% in the fifth. The following variables were potentially associated with CMD:
female sex (PR=1.38), originating from capital cities (PR=1.97), the program was less than they expected (PR=3.20), discomfort with program activities (PR=2.10), dissatisfaction with teaching strategies (PR=1.38), and feeling that the program is not a source of pleasure (PR=2.06), being R2=28.8% and AIC=60.04. Conclusion:
The factors potentially associated with the high prevalence of CMD were those related to medical training, showing that it is necessary to implement preventive measures and review the educational process in order to reduce the damages caused by the development of CMD.
Resumo Introdução:
Tornar-se médico é um processo bastante complexo. Fatores relacionados a personalidade do aluno, processo educacional e experiência diária com dor e morte contribuem para vivências psicoemocionais peculiares, nem sempre devidamente investigadas durante a formação médica. Objetivo:
Estimar a prevalência de transtornos mentais comuns (TMC) e fatores associados durante os seis anos de graduação entre todos os estudantes de uma turma de medicina de uma universidade pública brasileira. Método:
Estudo transversal por inquéritos repetidos. Todos os 40 alunos admitidos em 2006 na escola médica pesquisada foram incluídos no estudo e avaliados anualmente até 2011 através do SRQ-20 e de um questionário estruturado elaborado pelos autores sobre aspectos sócio-demográficos, pessoais e educacionais. Realizadas regressão logística e análise de correspondência. Resultados:
Os 40 calouros na primeira avaliação tinham média de idade de 20 anos (DP=2,4), sendo 57,5% do sexo feminino e 41% aprovados no terceiro vestibular. A prevalência TMC aumentou ao longo do curso:
de 12,5% no primeiro ano para 43,2% no quinto. As seguintes variáveis foram potencialmente associadas à TMC no quinto ano:
sexo feminino (RP=1,38), originários de capitais (RP=1,97), achar o curso menos do que esperava (RP=3,20), ter desconforto com as atividades do curso (RP=2,10), estar insatisfeito com estratégias de ensino (RP=1,38) e sentir que o curso não é fonte de prazer (RP=2,06) sendo R2=28,8% e AIC=60,04. Conclusão:
Fatores potencialmente associados com alta prevalência de TMC foram relacionados à formação médica, mostrando que é necessário implementar medidas preventivas e revisão do processo educacional no intuito de reduzir os danos causados pelo desenvolvimento de TMC.