Rev. bras. epidemiol; 20 (4), 2017
Publication year: 2017
RESUMO:
Introdução: A hormonioterapia no câncer de mama é fundamental para a transição do tratamento ativo aos cuidados de sobrevivência, pois melhora significativamente os resultados de sobrevida em longo prazo, além de propiciar melhor qualidade de vida e reduzir os custos de hospitalização. Porém, para atingir resultados desejáveis, são importantes a adesão e a persistência no tratamento recomendado. Metodologia:
Estudo de coorte retrospectivo com 182 mulheres em tratamento hormonal identificadas em unidade oncológica de alta complexidade da Região Sudeste do Brasil e acompanhadas até 2014. Foram realizadas análise bivariada, para investigar os fatores associados à adesão, e regressão multivariada de Cox, para identificar variáveis associadas à descontinuidade do tratamento ao longo do tempo. Resultados:
A adesão geral foi de 85,2% e a persistência, de 45,4% após 5 anos. Não foi encontrada associação entre as variáveis independentes estudadas e a adesão. Mulheres com estadiamento avançado (hazard ratio - HR = 2,24; intervalo de confiança de 95% - IC95% 1,45 - 3,45), que não realizaram cirurgia (HR = 3,46; IC95% 2,00 - 5,97) e com 3 ou mais internações hospitalares (HR = 6,06; IC95% 2,53 - 14,54) exibiram maior risco de descontinuidade. Discussão:
As variáveis associadas à persistência refletem a relação entre a maior gravidade da doença e a interrupção do tratamento hormonal adjuvante. Conclusão:
Apesar da alta adesão, observa-se aumento progressivo do número de pacientes que não persistem no tratamento, devido a características relacionadas à gravidade da doença, contribuindo para uma resposta terapêutica inadequada.
ABSTRACT:
Introduction: Hormonal therapy in breast cancer is essential to the transition from active treatment to care survival, because it improves long-term survival and provides a better quality of life. reducing hospital costs as well. However, adherence and persistence in the recommended treatment are important to achieve the desirable results. Methodology:
This is a cohort retrospective study of 182 women on hormonal treatment identified at a high complexity oncology unit, in the southeastern region of Brazil, and followed-up until 2014. We performed a bivariate analysis to analyze the factors associated with adherence and we conducted the multivariate Cox regression to identify variables associated with discontinuity of treatment over time. Results:
Overall adherence was 85.2% and persistence was 45.4% at the end of 5 years. No association was found between the studied independent variables and adherence. Women with advanced stage (HR = 2.24; 95% confidence interval 1.45 - 3.45), who did not undergo surgery (HR = 3.46; 95%CI 2.00 - 5.97), and with three or more hospitalizations (HR = 6.06; 95%CI 2.53 - 14.54) exhibited increased risk of discontinuity. Discussion:
The variables associated with persistence reflect the relation between the highest disease severity and the discontinuity of adjuvant hormonal treatment. Conclusion:
Despite the high adherence level, there is a progressive increase in non-persistence among women on hormonal therapy, influenced by characteristics related to disease severity, which contributes to an inadequate therapeutic response.