Rev. bras. epidemiol; 20 (4), 2017
Publication year: 2017
RESUMO:
Introdução: O uso de sulfato ferroso é recomendado a todas as gestantes a partir da vigésima semana de gestação até o terceiro mês após o parto. Objetivo:
Avaliar a cobertura de sulfato ferroso entre as gestantes e diferenciais de acordo com variáveis demográficas e socioeconômicas. Metodologia:
Estudo transversal de base populacional com mulheres que tiveram filhos em Rio Grande, Rio Grande do Sul, no período de 01 de janeiro a 31 de dezembro de 2013. A cobertura de sulfato ferroso foi avaliada de acordo com idade e escolaridade materna, renda familiar e tipo de assistência médica no pré-natal. A análise estatística incluiu teste do χ2 de Pearson e regressão de Poisson. Resultados:
Foram entrevistadas 2.685 puérperas (97% das mulheres elegíveis). A cobertura de sulfato ferroso foi de 63%. As maiores diferenças relativas foram entre os grupos extremos de escolaridade materna (50%) e em relação ao tipo de assistência médica no pré-natal (72%). Mulheres com idade entre 13 e 19 anos mostraram-se significativamente associadas ao uso do suplemento (RP = 1,16; IC95% 1,08 - 1,25) quando comparadas às mulheres com idade ≥ 30 anos. Quem utilizou o serviço público no pré-natal esteve mais fortemente associado ao desfecho quando comparado com quem utilizou o sistema privado (RP = 1,61; IC95% 1,49 - 1,74). Conclusão:
São incomuns situações no setor de saúde em que os grupos menos favorecidos são privilegiados. Esses achados são raros e indicam a presença de iniquidade de forma contrária ao esperado. O suplemento deve considerar todas as mulheres, em especial as mais velhas, com maior escolaridade e de melhor nível socioeconômico.
ABSTRACT:
Introduction: The use of ferrous sulfate is recommended for all pregnant women from the 20th week of gestation to the 3rd month after delivery. Objective:
To evaluate the coverage of ferrous sulfate among pregnant women and differentials according to demographic and socioeconomic variables. Method:
A cross-sectional population-based study with women who had children in Rio Grande, Rio Grande do Sul, Brazil, from January 1st to December 31st, 2013. Ferrous sulfate coverage was assessed according to maternal age, schooling, family income, and type of prenatal care. Statistical analysis included Pearson's χ2 test and Poisson regression. Results:
2,685 postpartum women (97% of the total) were interviewed and the ferrous sulfate coverage was 63%. The largest relative differences were between the extreme maternal schooling groups (50%) and the type of medical care in prenatal care (72%). Women aged between 13 and 19 years were significantly associated with the use of supplement (RP = 1.16; 95%CI 1.08 - 1.25) when compared to women aged ≥ 30 years. Those who used the public service in prenatal care were more strongly associated with the outcome when compared to those who used the private system (PR = 1.61; 95%CI 1.49 - 1.74). Conclusion:
Considering that there are unusual situations in the health sector in which disadvantaged groups are privileged, these findings are rare and indicate the presence of inequality in a way that is opposite to what was expected. The supplement should consider all women, especially older women, with higher education and better socioeconomic status.