Baixada Fluminense como vazio demográfico? População e território no antigo município de Iguaçu (1890/1910)
Baixada Fluminense as demographic void? Population and territory in the old municipality of Iguaçu (1890/1910)
¿Baixada Fluminense como vacío demográfico? Población y territorio en lo antiguo municipio de Iguaçu (1890/1910)
Rev. bras. estud. popul; 34 (2), 2017
Publication year: 2017
O município de Iguaçu ocupava o que atualmente é denominado de Baixada Fluminense, englobando o que hoje são os municípios de Belford Roxo, Duque de Caxias, Japeri, Mesquita, Nilópolis, Nova Iguaçu, Queimados e São João de Meriti, com um território que representava 35% da atual região metropolitana do Rio de Janeiro. A noção de Baixada Fluminense unifica o que as emancipações fragmentaram, já que a região no final do século XIX era um município com atividades rurais e, ao longo do século XX, transformou-se em periferia urbana. Chama a atenção a afirmação recorrente dos pesquisadores que estudam a região acerca da existência de um vazio demográfico que teria ocorrido no final do século XIX (1890/1910). O objetivo deste texto é apresentar os principais argumentos utilizados na construção da imagem de vazio demográfico e, com base nos dados obtidos nos censos, oferecer alguns elementos que questionam essa leitura na forma como é enunciada, pois a principal tese é a de que a região da Baixada (como um todo) ficou despovoada e, com as terras vazias, foi ocupada desordenadamente por uma população urbana fugindo dos altos preços da capital federal. Esta leitura recorrente obscurece outras dinâmicas existentes no território, além da própria história da região.
The municipality of Iguaçu occupied what is currently known as the Baixada Fluminense, i.e., it was part of the large municipality which are now Belford Roxo, Duque de Caxias, Japeri, Mesquita, Nilópolis, Nova Iguaçu, Queimados and São João de Meriti, covering a territory representing 35% of the current metropolitan area of Rio de Janeiro city. The term Baixada Fluminense unifies what emancipations divided, since, at the end of the XIXth Century, the region was a municipality with rural activities and throughout the 20th century, it became an urban periphery. The recurring claim from researchers studying the region, regarding the existence of a demographic void which would have occurred in the late nineteenth century (1890-1910) drew our attention. The aim of this paper is to present the main arguments used in the construction of said image of demographic void and, based on the data obtained in the censuses, to offer some elements which challenge this reading in the manner in which it is stated, since the main thesis is that the region of Baixada (asa whole) became uninhabited, its empty lands becoming disorderly occupied by an urban population fleeing the federal capital and its high prices. This recurrent reading obscures other existing dynamics in the territory beyond the region's own history.
El municipio de Iguaçu ocupaba la que ahora se llama Baixada Fluminense, es decir que Belford Roxo, Duque de Caxias, Japeri, Mesquita, Nilópolis, Nova Iguaçu, Queimados y São João de Meriti eran parte del grande municipio y abarcaban un territorio que representaba 35% de la actual región metropolitana de la ciudad de Río de Janeiro. La noción de Baixada Fluminense unifica lo que las emancipaciones fragmentaron, ya que a finales del siglo XIX la región era un municipio con actividades rurales y a lo largo del siglo XX se convirtió en la periferia urbana. Llamó nuestra atención la recurrente declaración de los investigadores que estudian la región sobre la existencia de un vacío demográfico que se habría producido a finales del siglo XIX (1890-1910). El propósito de este trabajo es presentar los principales argumentos utilizados en la construcción de la imagen de vacío demográfico y, con base en los datos obtenidos a partir de los censos de, proporcionar algunos elementos que cuestionan esta lectura que lleva a la afirmación mencionada y cuya tesis principal es que el conjunto de la región de la Baixada se despobló y que las tierras fueron ocupadas por una población urbana desordenada que huía de los altos precios de la capital federal. Esta lectura recurrente opaca la existencia de otras dinámicas en el territorio y la propia historia de la región.