Rev. paul. pediatr; 35 (2), 2017
Publication year: 2017
RESUMO Objetivo:
Demonstrar a importância da utilização do genograma familiar na consulta pediátrica como ferramenta de análise da presença de degradação do vínculo parental e da violência contra a criança. Métodos:
Estudo qualitativo, conduzido em 2011. A população compreendeu 63 crianças, com idades entre 2 e 6 anos, matriculadas em creche. Para a construção do genograma, a coleta dos dados se deu em quatro momentos: avaliação pediátrica na creche; entrevista dos cuidadores; entrevista dos professores; e entrevista da coordenadora da creche. Foram utilizados os dados sobre as famílias para a construção dos genogramas, com auxilio do programa GenoPro®-2016. Na avaliação da qualidade de vínculo, foram incluídos na representação do genograma: violência contra a criança, dependência química, negligência, transtorno mental, tipo de relação entre os membros da família. Resultados:
As crianças e respectivas famílias avaliadas deram origem a 55 genogramas. Em 38 deles, observaram-se arranjos familiares funcionais e com vínculos afetivos próximos ou muito próximos. Em 17 dos casos, evidenciaram-se situações que envolviam violência física, emocional ou sexual contra as crianças. Dentre esses, quatro representavam casos mais extremos, com esgarçamento do vinculo parental e arranjos familiares disfuncionais. Nessas famílias predominava a dependência química de múltiplos membros, transtorno mental grave, agressões física e verbal persistentes e abuso sexual. Conclusões:
A utilização do genograma auxilia na identificação precoce da degradação do vínculo parental e da violência praticada contra a criança e, quando incorporada à prática pediátrica rotineira, pode contribuir para a promoção de uma assistência integral à saúde da criança, independentemente da presença de vulnerabilidades social.
ABSTRACT Objective:
To demonstrate the importance of using the family genogram in pediatric consultation, as an analysis tool to evaluate the degradation of parental bonding and also violence against children. Methods:
A qualitative study was conducted in 2011 wherein 63 children, aged between 2 and 6 years, enrolled in a slum nursery, was studied. In order to construct the genogram, data were collected in four stages: pediatric evaluation at nursery; interview with caregivers; interview with teachers; and interview with the nursery coordinator. The data about the families were used to construct the genograms with the aid of GenoPro®-2016 software. In order to evaluate the quality of bonding, the following items were included in the genograms: violence against children, drug addiction, neglect, mental disorder, type of relationship among family members. Results:
The evaluated children and their families generated 55 genograms. In 38 of them, functional family arrangements, and close or very close emotional ties were observed. In 17 cases, situations involving physical, emotional, or sexual violence against children were perceived. Among these, four represented extreme cases, with fraying parental bonding, and dysfunctional family arrangements. In these families, chemical addiction was prevalent among multiple members, as well as severe mental disorder, persistent physical and verbal abuse, and sexual abuse. Conclusions:
The use of the genogram helps to identify at an early stage the degradation of parental bonding and violence against children, and when it is incorporated into the pediatric practice routine, it may contribute to the promotion of the comprehensive health care of the child, regardless of the presence of social vulnerability.