Rev. paul. pediatr; 36 (1), 2018
Publication year: 2018
RESUMO Objetivo:
Identificar a prevalência de dificuldade alimentar (DA) em pré-escolares, sua associação com fatores epidemiológicos e práticas alimentares pregressas, bem como sua repercussão sobre o estado nutricional. Métodos:
Estudo transversal com aplicação de questionário às mães de 301 crianças de dois a seis anos de creches públicas e privadas em Natal, Rio Grande do Norte, em 2014 e 2015. Identificou-se DA segundo critérios de Kerzner, incluindo os perfis de "ingestão altamente seletiva", "criança agitada com baixo apetite", "fobia alimentar" e "criança com distúrbio psicológico ou negligenciada". As variáveis de associação analisadas por regressão logística foram:
tempo de aleitamento materno, idade de introdução de leite de vaca e da alimentação complementar, faixa etária, renda familiar, tipo de escola, perfil das mães (responsivas ou não responsivas) e índice de massa corpórea (IMC). Resultados:
DA foi encontrada em 37,2% dos casos analisados, com predomínio de "ingestão altamente seletiva" (25,4%). Não houve associação entre DA e práticas alimentares na fase de lactente, renda familiar e tipo de escola. Não houve diferença entre as médias de escore Z IMC para os grupos com e sem DA (1,0±1,5DP e 1,1±1,4DP, respectivamente). A faixa etária de cinco a seis anos apresentou maior ocorrência de DA (OR 1,8; IC95% 1,1-2,9) e filhos de mães com perfil responsivo tiveram menores chances de apresentar DAs (OR 0,4; IC95% 0,2-0,8). Conclusões:
DA foi de alta prevalência. Não houve repercussão sobre o estado nutricional nem associação às práticas alimentares pregressas. O perfil responsivo das mães é fator protetor para as DAs e reforça a importância da natureza comportamental e da interação mãe-filho.
ABSTRACT Objective:
To identify the prevalence of feeding difficulties in preschoolers, its association with epidemiological factors and previous eating habits, and repercussion on nutritional status. Methods:
Cross-sectional study with a questionnaire given to the mothers of 301 children aged 2-6 years enrolled in public and private kindergartens in Natal, Northeast Brazil, conducted in 2014-2015. Feeding difficulty was assessed according to Kerzner's criteria, resulting in the profiles "highly selective intake", "active child with small appetite", "fear of feeding", and "child with psychological disorder or neglected". Association with the following independent variables was analyzed by logistic regression:
breastfeeding time, age of cows' milk and complementary feeding introduction, age range, family income, type of school, mothers' profile (responsive or nonresponsive), and body mass index (BMI). Results:
Feeding difficulty was found in 37.2% of cases, with predominance of "highly selective intake" (25.4%). It was not associated with infancy feeding practices, family income or type of school. There were no differences between the BMI Z score means for the groups with and without feeding difficulty (1.0±1.5 SD and 1.1±1.4 SD, respectively). The five-to-six age range had more occurrences (OR 1.8; 95%CI 1.1-2.9). Children of responsive mothers were less likely to have feeding difficulties (OR 0.4; 95%CI 0.2-0.8). Conclusions:
Feeding difficulties were very frequent. Nutritional status was not impacted by it, and infancy eating habits were not associated with it. Responsive mothers' profile is a protective factor against eating difficulties and reinforces the importance of behavioral factors and mother-child interaction.