Ah, bruta flor do querer! O discurso do Cras na perspectiva psicanalítica
Oh, brute flower of desire! ThedDiscourse of Cras through psychoanalytical perspective
Gerais (Univ. Fed. Juiz Fora); 11 (2), 2018
Publication year: 2018
Neste artigo procuramos elucidar aspectos do discurso presente no Centro de Referência de Assistência Social (Cras)
a partir da escuta psicanalítica. Para tanto, seguimos por uma reflexão orientada pelos pressupostos teóricometodológicos
da Psicanálise. Ao analisarmos o discurso que permeia a instituição Cras, verificamos que o significante
mestre (S1) da inclusão pressupõe um sujeito que pode vir a ser amparado pela Assistência Social. Mas quando o sujeito
endereça sua demanda ao CRAS, ele se depara com o Outro ( ), institucional, que se pretende onipotente, mas que
também é barrado, que porta em si uma falta. Nesse momento, não cabe ao psicanalista escutar a partir do discurso
institucional. Pois tal posicionamento impossibilita que o próprio sujeito se posicione perante seu desejo. Ao
psicanalista, como operador do singular, cabe diferenciar-se de uma óptica predominantemente assistencial que prioriza
o aspecto material em detrimento das urgências subjetivas das famílias/sujeitos.
This article intends to elucidate aspects which are present in the discourse of Social Assistance Reference Centers
(Cras) from the psychoanalytical listening perspective. For this, there is a reflection guided by theoretical and
methodological assumptions of Psychoanalysis. Analyzing the discourse that permeates Cras institution, it was verified
that the master-signifier (S1) of inclusion presupposes an individual who can be supported by Social Assistance. Despite
that, when the individual searches for support at Cras, he or she faces the Other ( ), institutional, who intends to be
omnipotent, but is also blocked, and has his own fault. In this moment, the psychoanalyst cannot listen from the
institutional discourse perspective, because it would make impossible for the individual to position himself before his
own desire. For the psychoanalyst, as an operator of the singular, it is necessary to differentiate himself from a welfare
predominant view that prioritizes the material aspect to the detriment of subjective urgencies of families/individuals.