Fisioter. Bras; 19 (S4), 2018
Publication year: 2018
Introdução:
A Síndrome do Impacto do Ombro (SIO) caracteriza-se por uma compressão mecânica das estruturas localizadas no espaço subacromial, envolvendo, os músculos do manguito rotador, bursa subdeltóidea e cabeça longa do bíceps braquial. Esta condição dolorosa é comum em atletas, sendo um dos fatores relacionados o desequilíbrio muscular dos estabilizadores da escápula [1]. Estes desequilíbrios musculares geram compensações biomecânicas que podem ser avaliadas por meio da eletromiografia de superfície. Indivíduos com SIO geralmente apresentam aumento da atividade do músculo trapézio superior (TS) e diminuição da atividade dos músculos Serrátil Anterior (SA), Trapézio Médio (TM) e Trapézio Inferior (TI). Dessa forma, são indicados em protocolos de tratamento exercícios que busquem promover um maior recrutamento de TI e SA para reestabelecimento de uma adequada cinemática escapular [2]. Neste sentido, exercícios em cadeia cinética fechada são comumente empregados no processo de reabilitação justamente por terem como objetivo o recrutamento dos músculos estabilizadores da escápula [3]. Sendo assim, a análise do comportamento mioelétrico dos estabilizadores da escápula em atletas com e sem SIO pode fornecer indícios que auxiliem o fisioterapeuta na tomada de decisão durante o processo de reabilitação.
Objetivo:
Comparar a atividade eletromiográfica (EMG) dos músculos TS, TM, TI e do SA, durante a realização do exercício push up em atletas universitários com e sem SIO. Material e métodos:
O presente estudo possui caráter quantitativo, observacional e transversal. Participaram 10 atletas universitários do sexo masculino, com faixa etária entre 18 e 35 anos, participantes das equipes esportivas de voleibol e handebol de uma Universidade da região do Vale do Rio dos Sinos, estes foram divididos em dois grupos. O primeiro grupo foi composto por 5 atletas que possuíam diagnóstico clínico de SIO confirmado por ecografia ou ressonância magnética e que apresentaram sinal positivo em pelo menos um teste ortopédico (Neer, Jobe,
Hawkins Kennedy e Gerber). Já o grupo sem SIO foi composto por 5 atletas sem histórico de lesão no complexo do ombro. A atividade EMG dos músculos TS, TM, TI e SA foi registrada por meio do eletromiógrafo (EMG System), com taxa de amostragem de 2000 Hz. A atividade EMG de cada músculo foi obtida durante a realização do exercício push up e de 3 contrações isométricas voluntárias máximas (CIVM) para cada músculo. A análise dos dados EMG foi realizada no software BIOMEC-SAS, onde os dados de CIVM e push-up foram filtrados com um filtro digital, Butterworth, 4ª ordem, passa-banda de 20 a 500 Hz. Foi realizado o cálculo do envelope RMS com janelamento Hamming de 0,5 segundos e o exercício de push up
normalizado pelo pico da CIVM. Os valores de pico do exercício push up foram utilizados para comparação dos grupos. A análise estatística foi realizada no software SPSS 20.0, por meio da ANOVA oneway, sendo o nível de significância adotado de 5%. Resultados:
Podemos observar diferença para o músculo TI (p=0,019), sendo que os atletas sem SIO, demostraram um maior valor de média da atividade EMG (37,59±16,43 % CIVM) quando comparados aos atletas com SIO (21,46±11,3 % CIVM). Também foi observado diferença para o músculo SA (p=0,016), onde os atletas sem SIO apresentaram um maior valor de média de atividade EMG (30,80±13,94 % CIVM) quando comparado com os atletas com SIO (18,86±13,57 % CIVM). Já para o músculo TS não houve diferença na atividade EMG entre atletas com SIO (9,2±11,6 % CIVM) e sem SIO (11,1±9,9 % CIVM). Conclusão:
No exercício push up os atletas sem SIO demonstraram maior atividade EMG dos músculos TI e SA, quando comparado com os atletas com SIO. Já para o músculo TS não houve diferença na atividade EMG, entre os atletas com e sem SIO, resultado este, que pode ser considerado positivo, pois indivíduos com SIO, costumam apresentar uma maior ativação EMG do TS, assim o exercício de push up, apesar de demostrar as diferenças entre TI e SA, usualmente em pacientes com SIO, não constatou-se compensações no músculo TS, fazendo este um exercício indicado no plano de tratamento fisioterapêutico. (AU)