Aptidão cardiorrespiratória de indivíduos com amputação traumática de membro inferior unilateral e sua predisposição a eventos coronarianos
Cardiorespiratory fitness of individuals with unilateral lower limb traumatic amputation and their predisposition to coronary events

Fisioter. Bras; 19 (S4), 2018
Publication year: 2018

Introdução:

As amputações de origem traumática, que é responsável por 10,6% das amputações em membros inferiores, tem incidência maior nos sujeitos antes dos 50 anos de idade, em conseqüência de fraturas expostas, contaminação severa da ferida, lesões tipo esmagamento que levam a necrose progressiva do músculo ou lesões de reconstrução incapacitante [1]. O trauma, característico nas amputações de membro inferior, corresponde a uma lesão ocorrida no terreno vásculo-ortopédico e de forma combinada, na maioria das vezes [2]. Um dos principais focos da reabilitação de indivíduos amputados de membros inferiores é o restabelecimento da marcha, funcional e independente, sob a utilização de uma prótese para compensar, se possível, a funcionalidade perdida. A utilização da prótese em conjunto à reabilitação tem o intuito de devolver ao paciente, o ortostatismo e a capacidade de deambular [3]. A presença de fatores de risco cardiovasculares pode justificar e até mesmo explicar grande parte das doenças do sistema cardíaco [4]. A literatura nos relata maior demanda metabólica ao andar após a amputação transtibial, porém as pesquisas concentram-se em indivíduos amputados por causa vascular [5].

Objetivo:

Avaliar a aptidão cardiorrespiratória do amputado de causa traumática e sua predisposição a doenças coronarianas.

Material e métodos:

Estudo de natureza quantitativa, de delineamento experimental do tipo transversal, sendo o grupo formado por três pacientes amputados transtibiais unilateral de causa traumática, emparelhados em sexo, idade e Índice de Massa Corporal. O estudo foi realizado com pacientes do Serviço de Reabilitação Física da UNISC- Universidade de Santa Cruz do Sul, no Laboratório de Atividade Física e Saúde da universidade. Os sujeitos responderam ao questionário de risco coronariano, proposto pela Michigan Heart Association (2003), que é formado por uma tabela contendo oito fatores de risco, sendo eles idade, hereditariedade, peso corporal, tabagismo, sedentarismo, hipercolesterolemia, hipertensão arterial e gênero. Cada fator de risco possui seis opções de resposta. Toda resposta equivale a um escore que representa o risco coronariano relativo àquele fator. A soma dos escores obtidos nas respostas dos oito fatores corresponde a uma pontuação, que representa o risco ao desenvolvimento de doença caronariana. A classificação desse risco é realizada pela comparação da pontuação obtida no questionário com a tabela de classificação formulada pela própria Michigan Heart Association (2003).

A classificação do risco coronariano é definida como:

bem abaixo da média (06-11 pontos); abaixo da média (12-17 pontos); médio (18-24 pontos); moderado (25-31 pontos); alto (32-40 pontos); e muito alto (41-62 pontos). Posterior realizaram teste ergométrico em esteira sob protocolo de Bruce modificado, sendo obtidos seus volumes máximos de oxigênio.

Resultados:

A média de idade dos pacientes foi 22,6 anos. O paciente A apresentou aptidão cardiorrespiratória regular, e os pacientes B e C apresentaram aptidão fraca e muito fraca. Em relação à recuperação da FC no primeiro minuto após o teste, o paciente B não apresentou resultados esperados. Ao analisar o índice de oxigênio consumido pelo miocárdio, este necessitou de maior trabalho cardiovascular (6270 mmHg.bpm), quando comparado aos pacientes A e C, respectivamente, 3190 mmHg.bpm e 3570 mmHg.bpm.

Conclusão:

Houve um aumento da predisposição ao desenvolvimento de doenças coronarianas para os amputados participantes, mesmo estes sendo de causa traumática. (AU)

More related