Trajetória em narrativas: loucuras e a cidade de Belo Horizonte, Brasil
Trajectory in narratives: experiences of mental illness and the city of Belo Horizonte
Ciênc. Saúde Colet. (Impr.); 23 (4), 2018
Publication year: 2018
Resumo O artigo busca compreender as relações estabelecidas entre portadores de sofrimento mental assistidos em um serviço aberto e comunitário e a cidade de Belo Horizonte (BH), capital do Estado de Minas Gerais. Compreende-se que a experiência da loucura é capaz de gerar narrativas que buscam atribuir sentido ao sofrimento e auxiliam as pessoas a negociar as decisões cotidianas. O método biográfico foi utilizado para a construção das narrativas de trajetórias de vida dos três participantes do estudo. Cada pessoa atribuiu um sentido diferente à experiência da loucura, contudo, percebe-se a existência de trajetórias e sociabilidades marginais às convenções da ordem, da família e do trabalho. Verifica-se uma ruptura com a invisibilidade marcante nos manicômios, uma vez que os serviços abertos proporcionam a circulação social e a manipulação de códigos sociais que entremeiam os deslocamentos, criando novas territorialidades e codificações. Contudo, evidencia-se a necessidade de estudos empíricos que contemplam temáticas como as relações familiares e as condições de moradia e renda dessa população, para, então, ampliar as discussões do direito à saúde para o direito à moradia, ao trabalho, enfim, o direito e o cabimento na cidade.
Abstract The article seeks to understand the relationships established between mentally ill patients cared for in the open community service network and the city of Belo Horizonte, state capital of Minas Gerais. It is understood that the experience of mental illness is capable of generating narratives that seek to give meaning to suffering and help people to negotiate everyday decisions. The biographical method was used for the construction of narratives of life trajectories of the three participants of the study. The biographical narratives revealed diverse experiences associated with mental illness as well as different meanings attributed to this condition. However, interestingly, these stories have a common pattern, often associated with marginal convivialities with the conventions of order, family and work. There is a break with the striking invisibility in asylums, as open services provide the social movement and manipulation of social codes, creating new territorial delimitations and interpretations. However, the need for empirical studies that address themes such as family relations, housing conditions and income of this population is paramount in order to broaden the right to health discussions for the right to housing, work, the right and to a place in the city.